Igreja da Inglaterra precisa rever estátuas relacionadas à escravidão, diz arcebispo

Igreja da Inglaterra precisa rever estátuas relacionadas à escravidão, diz arcebispo

A Igreja da Inglaterra deve rever estátuas e monumentos nos seus locais de adoração para garantir que qualquer pessoa ligada à escravidão seja removida ou receba o contexto apropriado, disse nesta Sexta-feira (26) o seu líder espiritual, Arcebispo da Cantuária Justin Welby. A Igreja Anglicana, parte central da vida pública e da governança inglesa há séculos, é a mais recente instituição a refletir sobre seu papel após protestos mundiais desencadeados pela morte de George Floyd sob custódia policial nos Estados Unidos.

Welby, o clérigo mais graduado da comunidade anglicana em todo o mundo, afirmou que o perdão por questões raciais é necessário, mas que só pode ocorrer depois de medidas apropriadas serem tomadas. “Se você der uma volta na Catedral da Cantuária, existem monumentos por toda a parte, ou na Abadia de Westminster. Estamos a ver tudo isso. Alguns terão que ser deslocados”, disse Welby em entrevista à BBC.

Solicitado a esclarecer se as estátuas precisavam de ser removidas da Catedral da Cantuária, Welby alegou que essa decisão não era sua. “Vamos pensar com muito cuidado, colocá-las em contexto e ver se todas devem estar lá”, afirmou. “A questão surge, é claro que sim.”

Manifestantes em Bristol, Oeste da Inglaterra, derrubaram neste mês uma estátua em homenagem a Edward Colston, comerciante de escravos do século 17 que usou seus lucros como doação para escolas e instituições de caridade na cidade que continuam levando seu nome. Autoridades locais na Inglaterra e no País de Gales, lideradas pelo opositor Partido Trabalhista, disseram que vão rever estátuas e monumentos públicos. O Banco da Inglaterra também informou que irá verificar se ainda há fotos em exibição de ex-governadores que tinham ligações com o tráfico de escravos.

Welby defendeu imagens de Jesus como europeu o que alguns activistas dizem que reforçam ideias de superioridade racial branca -, mas afirmou que agora é comum nas igrejas anglicanas, que tem cerca de 85 milhões de seguidores em 165 países, retratá-lo como compartilhando a etnia dos fiéis.

“Você entra nas igrejas deles e não vê um Jesus branco. Você vê um Jesus negro, ou um Jesus chinês, ou um Jesus do Oriente Médio – que obviamente é o mais preciso – ou um Jesus de Fiji.”