Nguami maka!…

Neste tempo, de quarentena institucional, domiciliar ou epidemiológica, é só saber gerir, bué de bocas, aqui e acolá, é só ouvir, verdade ou mentira, o oficial é que vale a pena, conversa fiada, não se mete lá, nguami maka, não quero problemas.

Se vizinho têm cara de pau, problema é dele, se não quer fazer amor com a parente, é só faz de conta, beijo não dá jeito, zongolar é desculpa de mau pagador, fofocar não dá emprego, boato mata temperatura, estraga ambiente, pode provocar violência doméstica.

Boca miúda virou trombone, biscato a xixilar, corona acantonou tudo e todos, de fofuchos ou fofuchas, quase nada se sabe do paradeiro, nada de novos apetites, quarentar, não dá prazer, nguami maka, não quero problemas.

Da vida fácil ou de aventuras, só restam saudades, tudo a evaporar, tudo a emagrecer, virgular já não tem espaço, se abusa vão te focar, e publicar nas redes sociais, melhor mesmo, é ficar nas calmas, ficar no lugar, passado não é presente. Bem ou mal, a pandemia está a destapar carecas, algo algum, com ou sem pacto, a podar excessos, sexta-feira já não é dia do homem, todos os dias são iguais, da mulher ou do homem, desculpa perdeu razão, nguami maka, não quero problemas, a cerca tá rija, quem viola, julgamento sumário, prá cadeia!

Não quero mbora problemas, nguami maka, só estou a sonecar, a zuelar, o que ouço e vejo, o que se mujimba e se fofoca, são conversas do dia-a-dia, que acontecem todos os dias, no kimbo ou na cidade, ma urbanidade ou na periferia, cada um com o seu conto, cada qual com o seu ponto, somente o bom senso, pode evitar tragédias.

Na maka da vizinha não se mete lá, nguami maka, não quero problemas, com nada nem com ninguém, na minha trincheira, estou mbora só vigilante, binóculo sempre atento, de dia ou de noite, a controlar, cazucuta não pode passar, ninguém está acima da lei.

Neste novo tempo que estamos com ele, é bom descomplicar, cumprir e fazer cumprir, pensar na família, saber andar no essencial, ter o juízo no lugar, ficar só em casa, lavar as mãos com sabão, observar o distanciamento social, usar álcool-gel, todo resto, é só saber esperar.

Nguami maka, não quero problemas, obedecer só, nada de vias de facto, cada um como cada alguém, a responsabilidade é individual e colectiva, consciência em primeiro lugar, afinal o bem comum deve ser partilhado e preservado.

João Rosa Santos