“Queremos trabalhar, não queremos ser bandidos”

“Queremos trabalhar, não queremos ser bandidos”

Durante uma vigília de protesto realizada na Quarta-feira, na praça 1º de Maio, na cidade do Lubango, enfermeiros manifestaram-se descontentes por, alegadamente, não terem sido admitidos mesmo tirando notas positivas nos exames de acesso à função pública.

Era cerca de uma centena o número de jovens que reclamam por recorrecção das provas, alegando que houve injustiça durante o processo de correcção. Entre as injustiças apontadas pelos enfermeiros não admitidos na província da Huíla consta ainda a alegada violação ao Decreto Presidencial 12/16, de 15 de Janeiro, que estabelece uma quota nos concursos públicos para as pessoas com deficiência.

António Júlio, portador de uma deficiência nos membros inferiores, disse que na realização do exame de acesso teve uma nota positiva mas, mesmo assim, não foi admitido, o que considera uma grave violação ao diploma legal que prevê a atribuição de vagas para pessoas com deficiência.

“O Decreto Presidencial 12/16, de 15 de Janeiro, fala sobre a reserva de vagas para as pessoas com deficiência. Eu tive uma nota que me possibilita ser aprovado, mas mesmo sendo uma pessoa com deficiência não fui admitido, por isso, pedimos que se faça justiça enquadrando todos os que tiveram notas positivas”, disse.

Por seu lado, António Jamba, outro candidato a preencher uma vaga no município da Cacula, província da Huíla, disse que teve 14,80 valores mas foi preterido em favor de pessoas com notas inferiores, razão que o levou a juntar-se aos contestatários que aventam a possibilidade de ter ocorrido tráfico de influência durante todo o processo.

“O que nós queremos neste momento é que todos os que tiveram notas positivas sejam enquadrados. Nós verificamos as listas finais e constatamos que houve pessoas com até 10 valores que foram admitidas, mas os que tiveram 13 não foram”, frisou.

O nosso interlocutor revelou que já pediram formalmente esclarecimentos sobre o que esteve na base da selecção de candidatos com notas inferiores, porém, não obtiveram até ao momento qualquer resposta da entidade competente.

Disse ainda ser pretensão de todos eles realizarem actividades do género repudiando a exclusão de candidatos com notas altas.

Na esperança de obter mais informações a respeito, a nossa equipa de reportagem contactou o Gabinete Província da Saúde na Huíla, do qual foi informada que por se tratar de um concurso de âmbito nacional qualquer reclamação deverá ser apresentada ao Ministério da Saúde.

O sector da Saúde na Huíla dispõe de 4.169 técnicos, entre enfermeiros, médicos, pessoal de apoio e administrativo e para reforçar este número, o Ministério da Saúde disponibilizou 395 vagas na província no último concurso público.

A cifra foi distribuída em 84 vagas para médicos, 35 para enfermeiros de 3ª classe, 130 para técnicos médios de enfermagem de 3ª, 27 para técnicos superiores de diagnóstico terapêutico de 2ª, 86 técnicos de diagnóstico terapêutico, entre superiores e médios, bem como nove para motoristas de ambulância.

João Katombela, na Huíla