Por: Fernando Cativa
Huambo
Prezado director do jornal OPAÍS,
Costumo ler, ver e ouvir nos órgãos de comunicação do Estado uma coisa que para mim é uma grande ilusão. Todos os dias comunicam um aumento da produção agrícola. Seria bom se fosse verdade como eles falam, mas não é bem assim.
Se houvesse mesmo muita produção, os preços da comida já teriam descido e o povo teria menos dificuldades para se alimentar. Não se pode falar de uma fazenda ou de um município como se fosse o país todo.
Além disso, colher uma tonelada de batata não significa que se tem reservas alimentares, o que se colhe é para comer logo.
Também, temos de ter como ponto de comparação a produção do período colonial, quando o país exportava alimentos. Isto significa que havia excedentes.
Enquanto não tivermos excedentes e a comida não chegar barata aos consumidores, não adianta lançar muitos foguetes.
A comunicação social tem de tratar as coisas com realismo, ou estará a iludir as pessoas e até a afastar aqueles que querem ir trabalhar na agricultura, porque pensam que o mercado já está com saturação e não irão aguentar a concorrência.
Na agricultura não pode haver ilusões, ou brotou, ou não brotou.