Morreu o realizador Alfredo Tropa que dirigiu “O Povo que Canta

Morreu o realizador Alfredo Tropa que dirigiu “O Povo que Canta

O realizador português Alfredo Tropa, autor de documentários e programas de televisão, como “O Povo que Canta”, que fez com o musicólogo Michel Giacommetti, morreu este Domingo aos 81 anos, anunciou a Academia Portuguesa de Cinema.

“Deixou-nos hoje o Alfredo Tropa. Realizador de inúmeros documentários e programas de televisão, especialmente para a RTP onde trabalhou durante muitos anos, contribuiu também para o cinema português com a realização várias curtas-metragens”, explicita uma nota divulgada na página da Academia Portuguesa de Cinema na rede social Facebook.

O realizador português, que morreu aos 81 anos, vai ser “um dos homenageados com o Prémio Sophia de Carreira 2020, celebrando assim a academia, os 50 anos do nascimento do Centro Português de Cinema”, prossegue a Academia Portuguesa de Cinema, na informação publicada na sua página no Facebook. Entre as longas-metragens de Alfredo Tropa, que era casado com a realizadora Teresa Olga, destacam-se “Pedro Só”, em 1972, e “Bárbara”, em 1980.

O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, já emitiu uma nota de pesar na página oficial e apresentou condolências à família. “Alfredo Tropa, que foi cineclubista, realizador, documentarista, produtor, fundador do Centro Português de Cinema e director dos arquivos da RTP, será lembrado como uma figura activa e constante na televisão e no cinema em Portugal”, assinala.

“Além da sua longa associação à TV pública, que nos deixou uma série etnográfica marcante como “Povo que Canta” (com Michel Giacometti), empenhou-se no Novo Cinema português, trabalhando como assistente de realização de Paulo Rocha e Fernando Lopes e dirigindo, em 1971, uma das longas-metragens mais significativas do movimento, “Pedro Só””, acrescenta Marcelo na mesma nota.

Porto, Coimbra, Paris

Nascido no Porto em 1939, Alfredo Ricardo Rezende Tropa estudou na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, onde se iniciou no movimento cineclubista e realizou a sua primeira curta-metragem, “Inundações”, em 1960.

Em 1961, partiu para Paris, com uma bolsa do Fundo do Cinema Nacional, tendo obtido o diploma de realização no Institut des Hautes Études Cinématographiques.

Estagiou na televisão francesa, como recorda o “Dicionário do Cinema Português”, de Jorge Leitão Ramos, e regressou a Portugal para participar na fundação da Média Filmes.

Iniciou a carreira como assistente de realização nos filmes fundadores do Cinema Novo português, como “Mudar de Vida”, de Paulo Rocha, e “Uma Abelha na Chuva”, de Fernando Lopes, movimento em que a sua expressão se incluiria, através de obras como “Pedro Só”.

É um dos nomes fundadores do Centro Português de Cinema e um dos primeiros cineastas portugueses apoiados pela Fundação Calouste Gulbenkian.