Crise interna na FNLA continua a dividir o partido em alas

Crise interna na FNLA continua a dividir o partido em alas

O porta-voz da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Gerónimo Makanda, disse, ontem, a OPAÍS, que tanto a convocação, bem como a realização do congresso que a ala de Ndonda Nzinga pretende realizar constituem uma vergonha para todo o militante da FNLA.

O responsável, que lamentou a atitude dos seus “irmãos de outra ala” como são tratados, justificou que a realização do referido congresso lesa os Estatutos do partido e desrespeita o Estado de Calamidade Pública vigente no país, devido à pandemia do novo Coronavírus (Covid-19).

Gerónimo Makanda referiu que a direcção do partido está neste momento preocupada em colaborar com as autoridades sanitárias do país no sentido de conter a propagação da Covid-19 e não em convocar congressos.

“A realização desse congresso envergonha toda a família FNLA. Numa altura em que o país se debate com a subida de casos de Covid- 19, nós temos ainda alguns irmãos armados em super-heróis, para pensarem em realizar um Congresso”, disse Gerónimo Makanda.

Numa altura em que as autoridades sanitárias do país não aconselham aglomerados, Gerónimo Makanda questiona se a realização do congresso em causa vai, ou não, congregar pessoas numa mesma sala.

“A situação epidemiológica do país não permite a realização de congressos, eu não sei com que orientação é que esses irmãos entenderam realizar o seu congresso simplesmente para tirar alguém do poder”, avançou.

Congresso sem legitimidade

Para o porta-voz, o referido congresso não terá nenhuma legitimidade, visto que os Estatutos do partido determinam que a realização de um congresso deve ser convocada somente pelo presidente do partido, e garantiu que o Tribunal Constitucional está a acompanhar o desenrolar de todo o processo.

“É impossível esse congresso ser validado, porque quem deve convocar o congresso é o presidente Lucas Ngonda, só não o fez até ao momento devido à situação epidemiológica que o país está a atravessar, só os nossos irmãos é que não querem compreender isso”, acrescentou.

Sublinhou que os assuntos a serem debatidos no congresso devem ser deliberados pelo Comité Central do partido. “Mais uma razão para que o mesmo não seja validado”, salientou, apelando à sociedade civil a interceder no sentido de apaziguar a situação de crise interna que há anos paira no seio da FNLA, um dos partidos históricos de Angola.

Ndonda Nzinga referiu, por seu turno, que a Comissão Organizadora do Congresso vai realizar, na próxima Terça-feira, uma conferência de imprensa para actualizar o processo de preparação.