No meu último artigo, partilhado e discutido entre mulheres da nossa sociedade, entre várias frases que ia ouvindo, há uma que me tocou imenso. Não pela afirmação, porque é um facto, mas por perceber que nunca serão os de fora que irão entender a nossa essência, a nossa cultura! Então, não precisamos de procurar muito, porque temos quadros em Angola que estão ávidos de fazer a diferença no nosso país.
Eis a notável frase dita pela Sónia: “Se fossem consultores a virem de fora com estas ideias – eram os maiores e ainda eram pagos a peso de ouro” … tens razão, minha amiga e mulher de todas as frentes, mas o nosso lema é não desistir. E se estes artigos forem usados por um expert, dito consultor, mesmo assim, sentir-me-ei orgulhosa.
De realçar que os meus artigos chamam a atenção não apenas para a questão de todo o processo que envolve o comércio de rua e defesa das nossas Zungueiras (Nano- empresários/as), mas também a questão da sua implementação.
A pergunta que não obedece ao meu instinto de formadora e economista: “O que falta para pôr em prática e qual a dificuldade em dar continuidade?”
Hoje tentarei não abordar questões técnicas, irei situar-me como cidadã e tentar pôr-me do outro lado, do lado dos(as) Nano-empresários(as).
Lúcia Domingos foi um dos exemplos que dei nos meus artigos. Descobriu que não precisava de andar sempre na rua, usou a plataforma digital Facebook e montou o seu negócio. E está no 11º ano de escolaridade. Tudo isto porque tem um telemóvel na mão disponível para distribuir a sua informação. E nele anuncia a venda de banana, batata-doce, batata nacional e outros produtos….Fantástico!!!
Como cidadã pergunto: alguém pegou na Lúcia e tentou fazer dela o “pivot exemplo” para estimular as nossas Nano- empresárias de rua?
Já perceberam o quanto estamos a desperdiçar, não usando estes exemplos de uma pró-actividade única, que surgem e podem ser a âncora para estímulo de uma nova geração de Nano-empresárias (as filhas das zungueiras, que possam via a ser a ser zungueiras também)?
E, como cidadã, volto a insistir, ao dizer: a tecnologia anda de mãos dadas com a vontade de criar e ser. Só nos resta a vontade de ensinar e, sim, dar ferramentas a estas mulheres, e homens, que, num futuro próximo, não irão permitir a falta de reconhecimento, por tudo o que fazem e pelo que são: “Nano empresárias(os)”.
O período que vivemos é tão incerto que a sobrevivência de cada um passará pelo estímulo que o executivo poderá criar com o apoio dos quadros que temos e transformar o incerto em certo, ou seja, dando a possibilidade de aprender através da formação técnica e especializada.
O meu pedido: Não se esqueçam das nossas mamãs Zungueiras (nossas Nano empresárias) criem um plano de formação à medida, deixem-nas certificadas. Valorizem-nas.
Como disse, hoje foi a cidadã Kénia que escreveu e não a economista e formadora.
Kénia Camotim