Polícias comercializavam motorizadas apreendidas a 60 mil Kwanzas

Polícias comercializavam motorizadas apreendidas a 60 mil Kwanzas

A informação foi prestada ontem, na cidade do Lubango, pelo comandante provincial da Polícia Nacional na Huíla, Divaldo Martins, numa conferência de imprensa realizada para informar a situação que culminou com a detenção dos dois efectivos do Comando Provincial na última Quarta-feira.

O comissário Divaldo Martins disse que a detenção dos dois efectivos resultou de uma denúncia feita ao Serviço de Investigação Criminal local da acção praticada por ambos, que se aproveitaram de um processo de venda em hasta pública dos meios que se encontravam apreendidos há vários anos e não foram reclamados pelos legítimos proprietários.

Segundo explicou o oficial superior da Polícia, em toda a província encontravam-se aprendidas 1.356 motorizadas, das quais 1.063 encontravam-se no parque da Unidade Operativa, na cidade do Lubango. As mesmas fazem parte dos meios apreendidos que foram catalogados entre os meses de Abril e Maio, com vista a garantir o seu melhor controlo.

“Estamos a falar de motorizadas que sobre as quais não havia nenhum processo, nem relacionado com acidente de viação, nem com a prática de qualquer crime. Isso transformava as nossas unidades em depósitos de produtos não reclamadas, mas também fomentava uma prática ilícita dentro das nossas unidades, como o furto de peças das mesmas e também das motorizadas”.

Esclareceu que “foi durante o processo de selecção e transporte deste material que os nossos agentes entenderam, então, seleccionar para eles, 24 motorizadas, tendo já vendido duas. No momento em que foram detidos por efectivos do SIC, se preparavam para vender as restantes”.

As 24 motorizadas, que fazem parte de um total de 510 motorizadas seleccionadas para serem vendidas em hasta pública, foram encontradas na residência de um dos agentes, localizada no município da Humpata.

Desvios de motorizadas apreendidas não são de hoje

Por outro lado, o comandante Provincial da Polícia Nacional na Huíla reconheceu que o desvio de motorizadas nos comandos municipais pode não ser recente.

Sem adiantar o número de casos já registados, o comissário Divaldo Martins informou que este é um dos problemas que ainda preocupam a corporação que dirige, garantindo que estão em curso medidas tendentes à dissuasão desta prática no seio dos efectivos.

“Existe a possibilidade de não ser a primeira vez que os efectivos praticam este tipo de acto. Foi exactamente este um dos motivos que nos levaram a fazer o levantamento para termos um controlo efectivo daquilo que temos nos nossos parques e melhorar o sistema de controlo e segurança nas nossas unidades”, revelou.

Por outro lado, o comissário Divaldo Martins fez saber que a falta de legalidade no seio de muitos motociclistas têm contribuindo para o aumento dos níveis de corrupção no seio dos efectivos do MININT.

Moto-taxistas do Lubango saúdam actuação do SIC

Os moto-taxistas que operam na cidade do Lubango saúdam a actuação do Serviço de Investigação Criminal (SIC) que culminou com a detenção dos dois agentes.

Em declarações a OPAÍS, os jovens que se dedicam ao serviço de moto-táxi afirmaram que tem sido recorrente o desaparecimento de motorizadas na Unidade Operativa, depois de alguns dias da sua apreensão.

Francisco Ngombakassi disse que a actuação do SIC deve ser replicada para todos aqueles agentes que procuram sempre agir à margem das normas que regem as suas actividades públicas. “Tem muitos polícias que trabalham mal.

Quando te apanham levam a mota na unidade operativa e exigem dinheiro ou os documentos da motorizada”, frisou. Acrescentou de seguida que nestes casos, quando o moto-taxista regressa à Unidade Operativa já lhe é entregue.

“Foi um bom trabalho do SIC”, desabafou. Silva, de 19 anos de idade, dos quais três a trabalhar como moto-taxista, conta que um dos seus colegas teve a motorizada apreendida o ano passado e até ao momento, simplesmente sumiu.

“Isso é feio. Quando fomos para lá a motorizada tinha desaparecido. Ainda bem que apanharam esses agentes”, frisou.

João Katombela, na Huíla