Doentes assintomáticos de Covid-19 poderão ser medicados em casa

Doentes assintomáticos de Covid-19 poderão ser medicados em casa

A ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, revelou que os pacientes assintomáticos de Covid-19 poderão cumprir o confinamento exigido e receber tratamento médico no seu domicílio, porém, haverá penalizações pesadas para os incumpridores.

Explicou que com o aumento exponencial de casos, a estratégia de abordagem de tratamento de pacientes com Covid-19 também tem de mudar, pelo que estão a tratar do assunto e a curto prazo esperam implementar essa nova estratégia para os casos assintomáticos, que será anunciada nos próximos 15 dias.

Neste momento, as autoridades estão a trabalhar na abordagem comunitária da pandemia, tendo em atenção que as projecções indicam que o país terá nos próximos dias uma quantidade de casos maioritariamente assintomáticos.

“Teremos também doentes com manifestações leves, graves e críticos. Nós já estamos a trabalhar numa nova abordagem dos pacientes assintomáticos para, em certa medida, termos as nossas equipas preparadas e em condições de fazerem abordagens aos doentes graves e críticos, bem como àqueles moderados com comorbilidades, que são o grande desafio por esta altura”, frisou.

A mudança de estratégia, que poderá ocorrer nos próximos 15 dias, implica, necessariamente, a formação a vários níveis de assistência, a mobilização social e a capacitação dos ADECCOS e de pessoas ligadas a igrejas. “Há vários actores da sociedade civil que vão apoiar”, frisou.

No entanto, a ministra da Saúde disse que essa medida só será efectivada se as pessoas tiverem condições de acomodação e se forem responsáveis, acima de tudo. Para evitar violações ao isolamento, far-se-á o acompanhamento a nível domiciliar com supervisão das comissões de moradores e das autoridades de saúde municipal.

Por outro lado, Sílvia Lutukuta disse ser necessária a preparação das unidades sanitárias para condições de isolamento porque a porta de entrada não são os centros de tratamentos de referência de Covid.

Esclareceu que um doente quando vai aos centros de referência para o tratamento de Covid já tem os diagnósticos e deve ser encaminhado para um ambiente onde só se trata desta doença.

Covid-19 infecta mais de 800 e faz 33 óbitos

Os óbitos “são doentes críticos e que já vinham sendo referenciados nas informações diárias anteriores que faziam parte do grupo de doentes críticos”, declarou a governante, ao presidir a actualização diária sobre a evolução da pandemia no país, em Luanda, no CIAM.

Sílvia Lutukuta, que se fez acompanhar pelo ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, e pela governadora provincial de Luanda, Joana Lina Ramos Baptista, esclareceu que os novos contagiados, detectados ontem, têm idades que variam entre os 18 e os 75 anos e são, na sua maioria, homens, 24, sendo nove mulheres.

Referiu que as equipas médicas conseguiram recuperar mais cinco pessoas que estavam infectadas com a Covid-19. Com esses dados, a estatística indica 812 casos positivos, dos quais 33 óbitos e 226 recuperados.

Há agora 556 casos activos, sendo que 13 estão em estado critico com ventilação mecânica invasiva, dos quais três necessitam de hemodialise, e os restantes estão clinicamente estáveis.

A titular da pasta da Saúde disse que continua a actividade laboratorial com a tecnologia RT-PCR nas unidades das clínica Girassol e Luanda Medical Center, no Instituto Nacional de Investigação em Ciências de Saúde, no Instituto de Luta Contra a SIDA e no Hospital Militar.

A governante fez saber que continuam as testagens em grupos específicos e, em alguns aglomerados, o rastreio de contactos de casos positivos e a testagem dos motoristas. “Por esta altura, já temos um número importante de casos que estiveram expostos. Estamos a falar da testagem serológica de testes rápidos. Já temos um número de pessoas expostas superior a 1.000. Portanto, já temos um universo superior a 25 mil pessoas testadas”, disse.

Sílvia Lutukuta disse ainda que se continua a realizar testes rápidos serológicos a nível nacional e têm havido informação de um número, menor, mas de alguns casos expostos. Contudo, até ao momento não se obteve confirmações relacionadas aos mesmos.

Covid-19 chega ao Cunene com dois casos importados

A ministra a Saúde, Sílvia Lutukuta, disse que há dois casos importados na província do Cunene. “Portanto, são casos de Luanda. Na província do Cunene as medidas de saúde pública já estão sendo tomadas”, garantiu.

Por outro lado, reiterou que continua a cerca sanitária nacional em Luanda e na capital da província do Cuanza-Norte, sendo que na capital do país há circulação comunitária e as medidas devem ser redobradas.

De acordo com Sílvia Lutukuta, pela análise profunda que se fez e com base na testagem serológica, há a estimativa de que 4 em cada 100 pessoas já estiveram expostas ao Coronavírus. Entretanto, apela para a atenção às medidas de protecção individual e colectiva. “Estamos numa fase muito importante, em que todos somos poucos para fazer face à Covid-19. É preciso um envolvimento comunitário muito grande. É preciso termos as nossas famílias no centro da atenção de todo esse processo”, advertiu.

Questionada sobre a preocupação de uma família que perdeu um membro por Covid-19, a titular da pasta da Saúde esclareceu que se está a fazer a avaliação.

Entretanto, disse que com a mudança de paradigma, já não está a levar os contactos de casos positivos para quarentena. “A não ser que haja um grande risco iminente de casos positivos, e estes continuam a ser levados a quarentena institucional”.

“Existem dois tipos de óbitos para mortes por Covid-19”

Sobre a disparidade de do número de óbitos, em que o boletim informativo oficial revela números superiores aos anunciados, Sílvia Lutukuta garantiu que se vai fazer uma avaliação, explicando que os óbitos, quando chegam devem ser analisados e avaliados, porque têm dois tipos.

Revelou que há óbitos por Covid que são os doentes que não têm outras doenças descompensadas e, por outro lado, os outros, que são doentes que já tinham outra doença de base descompensada, como, exemplo, um cancro terminal, um AVC e que durante a manipulação se tem a Covid-19 como um achado.

“Nós temos de fazer essas avaliações e, provavelmente, nesta avaliação ouve esse lapso, mas nós vamos avaliar com a nossa equipa técnica e trazer aqui os números”, garantiu. Em relação aos testes serológicos, quanto aos falsos negativos, disse que antes dos testes entrarem para circulação têm de ser avaliados e são testados casos positivos e negativos, bem como há colheita aleatória para testar o nível de fiabilidade.

Por outro lado, garantiu que os testes usados têm autorização da FDA e também são dos testes mais autorizados pela OMS. “Para estes em particular, para avaliar os casos negativos, o valor é superior a 99 por cento.

“E dos testes que estamos a usar, quando é negativo é mesmo negativo”, garantiu. Sobre as políticas de preços de algumas clínicas, disse que uma parte delas é privada e outra dependentes de empresas públicas como Sonangol e a Endiama, assim como Multiperfil, mas não têm o mesmo modelo ou estatuto que os hospitais municipais.

“Essas entidades estão no pacote das entidades que funcionam como sector privado”, explicou.