Um país, duas línguas

Um país, duas línguas

Claramente, os angolanos não se entendem. Fala-se mais do que uma língua neste país, ou as palavras têm sempre significados diferentes consoante a posição do ouvinte. Mas se não é da língua, então é caso de miopia, visual ou moral, o que for. Temos quadros angolanos que há anos vão repetindo alertas sobre os caminhos a seguir. Trata-se de pessoas experimentadas, com conhecimento, como o caso do Dr. Moras Cordeiro, de que OPAÍS publicou, no Domingo, uma entrevista.

É impossível que aquilo que ele disse seja novidade para quem quer que seja, é impossível que ele nunca tenha sido ouvido, assim como parece que não são ouvidos o Engenheiro Fernando Pacheco ou o Dr. Almeida Seródio, ou o Engenheiro Joaquim Lauriano, ou outros muitos que que estão aí, disponíveis e com conhecimento para partilhar.

Estamos a falar de gente que fala sobre o que fazer no campo, sobre como produzir comida em Angola, com qualidade, aquilo de que alguns sabem tratar-se de uma questão de soberania.

Mas os nossos políticos falam uma outra língua, vêem um outro país, têm tão pedra o coração que até conseguem ver sorrisos no choro de fome de uma criança. E quem fala da agricultura fala de outras muitas áreas. Alguém tem de estudar a doença de que padecem os políticos angolanos, até, por exemplo, quando estão no Ministério da Agricultura e fazem o que fizeram na importação de gado do Tchad. Eles falam uma outra língua, só pode. E agora é a propaganda de uma produção que não existe!