E a pandemia do mato

E a pandemia do mato

Aparentemente, apenas a Covid- 19 está a fazer estragos no país. Engano maior não poderia haver. Vai fazer mais estragos, é claro, mas até agora, em dimensão e impacto, há outros problemas maiores, para já. Não se fala muito, mas a tuberculose está a fazer das suas no Centro do país.

A malária é um mal adquirido, como se sabe. Mas não é apenas de doenças que vivem as nossas desgraças. Há outras. E tal como na maioria das doenças, a culpa é mesmo das pessoas.

Olhemos para a desmatação. Não falo apenas da loucura que é a exploração irresponsável de madeira, uma riqueza que deve ser sustentada com a obrigação de replantação para cada operador.

Temos agora os incêndios, que até gente matam. Sim, a nossa floresta, o nosso mato, está a arder, de forma descontrolada. É para caçar ratos, é para prejudicar o futuro, é para empobrecer solos e o país. É para o Ministério da Agricultura, que agrega as pesas e as florestas, começar a falar sobre o assunto, em parceria com o do Ambiente, que agrega a cultura e o turismo.

Não há turismo onde se queima tudo. E é preciso desmistificar a piromania popular de alegações culturais. A cultura também evolui, se adapta. Está na hora de ensinar a cultura da preservação, com o Estado a permitir, a garantir, que as populações locais tirem proveito do mato que devem preservar e defender.

No ano passado, depois da Amazónia, fomos dos países mais “ardidos”, no entanto, a nossa educação permite que passe despercebido dos noticiários e das preocupações governativas aquilo que noutras paragens provoca reuniões do Governo, demissões e horas de cobertura mediática. A nossa forma de estar permite-nos assobiar para o lado mesmo com a casa a arder, e estamos dentro dela.