China manda fechar consulado dos EUA em Chengdu em retaliação a Trump 

China manda fechar consulado dos EUA em Chengdu em retaliação a Trump 

A China ordenou nesta Sexta-feira (24) o encerramento do consulado dos Estados Unidos na cidade de Chengdu, no Sudoeste do país. O anúncio foi feito poucas horas antes de terminar o prazo dado por Washington para que o Governo chinês encerrasse a sua missão diplomática em Houston, no Texas. 

A decisão é “uma resposta legítima e necessária às medidas irracionais dos EUA”, informou em comunicado o Ministério das Relações Exteriores da China. O ministério de Relações Exteriores da China não especificou até quando a representação diplomática americana terá que ser fechada efectivamente. No caso de Houston, Donald Trump deu 72 horas aos diplomatas chineses. 

O consulado norte-americano de Chengdu, na província de Sichuan, inaugurado em 1985, tem 200 funcionários e cobre o Sudoeste da China, incluindo a Região Autônoma do Tibete. Ele era a representação diplomática americana mais próxima de Chongqing, importante centro industrial chinês. 

O governo norte-americano mandou fechar a embaixada em Houston após dois hackers tentarem roubar informações sobre pesquisas de vacinas, segundo os americanos, a mando de serviços de espionagem do Governo chinês. 

O Departamento de Estado dos EUA afirmou que a medida tinha o objectivo de proteger a “propriedade intelectual e as informações privadas dos americanos”. 

Na Quinta-feira (23), o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse que o consulado chinês em Houston era “um centro de espionagem chinesa” e de “roubo de propriedade intelectual”. 

O gigante asiático considerou o encerramento do seu consulado em Houston uma “medida sem precedentes” e prometeu retaliação. O Ministério das Relações Exteriores chinês antecipou que “se via forçado a responder aos EUA” e avaliou que a medida americana “causou um prejuízo severo às relações dos dois países”. 

Além da embaixada em Pequim e do consulado em Chengdu, os EUA têm outros quatro consulados na China continental – Cantão, Xangai, Shenyang e Wuhan – e um no território semi-autónomo de Hong Kong. 

A escolha do Governo chinês de fechar o consulado americano de Chengdu não foi aleatória. A representação diplomática cobre o Sudoeste da China, incluindo a Região Autónoma do Tibete. Essa era a representação diplomática norte-americana mais próxima da metrópole de Chongqing, importante centro industrial e estratégico comercialmente para a China. 

Os comboios de carga de Chengdu transportam produtos electrónicos e outras mercadorias pela Ásia e Europa Oriental para os mercados da Europa Ocidental. Inicialmente, especulou-se que o consulado de Wuhan seria escolhido pelo Governo chinês, mas, segundo o jornal “New York Times”, ele estava parcialmente desactivado desde o rigoroso lockdown imposto a 23 de Janeiro na cidade onde surgiu a pandemia do novo Coronavírus. 

Mercado asiático 

A medida chinesa provocou instabilidade no mercado asiático de acções. As bolsas de valores da região fecharam em baixa. 

 Shangai fechou em queda de 3,86%. Hong Kong perdeu 2,20%. Tóquio encerrou o pregão com prejuízo de 0,58%, desempenho semelhante aos registados na Coreia do Sul (-0,71%) e em Taiwan (-0,88%). 

Tensão entre os dois países 

As tensões entre os Estados Unidos da América do Note e a China estão a crescer nos últimos meses. O Governo do Presidente Donald Trump trava uma guerra comercial com Pequim. A imposição chinesa da nova lei de segurança nacional a Hong Kong, região de interesse comercial americano, levou Trump a suspender o tratamento especial que o país dava ao território semi-autónomo.

Washington afirma que a lei destrói a autonomia da antiga colónia britânica. Pequim acusa os EUA de ingerência nos seus assuntos internos. Nos últimos meses, Trump culpou a China pela pandemia de Covid-19 e se refere ao SARS-CoV-2 como “o vírus chinês”. 

O mandatário americano acusa o Governo chinês de não ter agido com transparência com relação à expansão de contaminações pelo novo Coronavírus, que foi relatado pela 1ª vez na cidade de Wuhan, na província chinesa de Hubei.

Críticos acusam Trump de tentar desviar-se das críticas em relação a sua própria forma de administrar o controlo da pandemia nos Estados Unidos, que regista o maior número de casos e mortes do mundo. Os dois países são concorrentes no desenvolvimento de uma vacina que combata a doença. 

Globo