Estado de Alma

Estado de Alma

A governação, os decisores, no geral, precisam de saber que impacto têm as suas acções, como chegam ao público, aos destinatários. Precisam de saber que opinião têm deles as pessoas. Isto é muito importante para uma boa governação, é muito importante para evitar conflitos, é ainda mais importante para se estabelecer ligações, cumplicidades, para comunicar, no fundo.

Entre as várias lições que tem dado a pandemia de Covi-19 em Angola, uma delas, seguramente, é a que mostra o desinteresse das pessoas no que dizem as autoridades. O estado de alma do povo.

E isto acontece não apenas porque as pessoas não são escolarizadas, não apenas porque as pessoas têm de ganhar o pão de cada dia na rua, não apenas porque as pessoas perderam os valores tradicionais da sociedade e por isso são irresponsáveis e “mal educadas”. Tudo isto acontece também porque as pessoas não confiam nos políticos e nas instituições. Esta conclusão está clara nos resultados do estudo do Afrobarometer que OPAÍS publica nesta edição.

Contudo, há que pensar, há que questionar, há que aceitar que a “culpa” é toda das instituições e de quem as lidera, o povo apenas responde, desligando-se. Mas é também hora de reagir e melhorar, de facto, porque tudo tende a crescer e no futuro pode ser bem pior. Olhe-se para esta sociedade com olhos de ver, drogas, igrejas brasileiras e congolesas a vender banha da cobra, o salve-se quem puder. É fácil adivinhar o que aí vem.