“Paihama foi dos melhores filhos de Angola”, escreve João Lourenço na partida do general para a Huíla

“Paihama foi dos melhores filhos de Angola”, escreve João Lourenço na partida do general para a Huíla

Ontem, horas antes de partir para o seu Kipungo, na Huíla, onde será sepultado hoje, Kundy Paihama levou ao Comando do Exército, ex-RI20, ilustres figuras da sociedade civil, política, governamental, militar e diplomática que acorreram ao espaço para se despedirem daquele que consideram ser amigo, colega e companheiro de todas as horas. 

Eram centenas, as pessoas que, ao se aproximarem da urna, davam um olhar de carinho, respeito e amizade ao homem do combate, do campo, deputado, governante e, sobretudo, filho de Angola. 

A cada gesto e nas conversas em grupo, o diálogo girava em torno de Paihama, que morreu, aos 75 anos de idade, vítima de doença. 

Porém, ao visualizarem a caixa com os seus restos mortais, alguns não resistiam às lágrimas. Outros preferiram abrir um sorriso, mesmo que forçado, neste momento de dor e pesar, ao se lembrarem de Paihama como sendo uma das poucas figuras que, apesar das diferenças políticas, defeitos e qualidades, convergia na unidade dos angolanos. 

Enquanto Titular do Poder Executivo e mais alto mandatário da nação, coube a João Lourenço dar o ponto de partida na assinatura do livro de condolências para falar do General e antigo governador das províncias do Huambo, Huíla, Cunene e Luanda e Benguela. 

Do seu punho, o Presidente da República escreveu que a morte de Kundy Paihama, que já foi igualmente ministro da Defesa Nacional e dos Antigos Combatentes, representa a perda de um dos melhores filhos de Angola, que, durante anos, lutou em prol do país. 

Segundo João Lourenço, Kundy Paihama dedicou toda a sua vida em prol da paz, da liberdade e do progresso social do país. 

Para o Chefe de Estado, o malogrado era fiel aos princípios em que acreditava e lutava e destemido perante os desafios da luta de libertação nacional, humilde, popular e falante de várias línguas, qualidades que o distinguiam dos demais. 

João Lourenço, que confortou a família curvando-se diante da urna que continha os restos mortais do general, lamentou igualmente o facto de o país não poder dar um enterro com a dimensão da grandeza de Paihama em função das medidas restrictivas impostas pela Covid-19. 

De acordo com o Presidente da República, o país gostaria de prestar uma grande homenagem a Kundy Paihama, pela sua trajectória e contributo para a paz e unidade nacional, o que não é aconselhável dado o quadro sanitário actual. 

Dentro e fora do país, escreveu Lourenço, milhares de pessoas gostariam de estar presentes neste momento de partida do amigo e família que Kundy Paihama é para muitos, mas o momento que o mundo e Angola vivem o impedem. 

Homem de convicção

O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, considerou Paihama como sendo um homem de convicção profunda e de muita coragem. 

O líder do Parlamento disse que o país vai ressentir-se da perda do General que sempre demonstrou ser um homem de coragem e respeito. “É uma enorme perda. Foi-se um homem de coragem e convicção própria. Lutou com muita coragem pela liberdade e pela paz”, frisou o presidente da Assembleia Nacional.

Um patriota

O nacionalista e deputado Roberto de Almeida fez saber que o país acaba de perder um patriota que esteve sempre presente nos momentos mais desafiantes.

Para Roberto de Almeida, Angola e os angolanos devem saber honrar a memória do nacionalista e homem de paz que foi Paihama. “Infelizmente é assim a vida, mas o país acaba de perder um grande patriota”, lamentou.

Esteve sempre na linha da frente

O General de Exército reformado António França Ndalu lembrou Paihama como sendo uma das figuras que tiveram um papel importante na luta contra a invasão sul-africana ao país.

“Foi um camarada e um companheiro que deu tudo em busca da nossa Independência e esteve sempre na linha da frente”, apontou.