Desvio de dinheiro pode forçar congresso extraordinário do PDP-ANA

Desvio de dinheiro pode forçar congresso extraordinário do PDP-ANA

Simão Makazu, que é acusado no interior do PDP-ANA (que preside) de alegados desvios de fundos, em contacto mantido, ontem com este jornal, desmentiu as acusações e desafiou o denunciante a apresentar provas, tendo informado que o caso foi remetido ao Tribunal Constitucional no ano passado e o denunciante perdeu a causa.

As acusações foram feitas a OPAÍS pelo seu secretário-geral, à margem de uma conferência de imprensa realizada nesta Quinta-feira, 30, em Luanda.

Ao presidente é imputada gestão danosa de 42 milhões de kwanzas, sendo parte do dinheiro que o partido recebe trimestralmente do Orçamento Geral de Estado (OGE) via CASA-CE, e a outra parte da pela Assembleia Nacional.

Zissala Pululu diz que no relatório de balanço do Bureau Político referente ao período de 2016 a 2018, apresentado aos membros, houve um desfalque de 20 milhões e 699 mil kwanzas e o presidente não deu explicações plausíveis sobre o paradeiro deste valor.

Após a publicação deste relatório, segundo o entrevistado deste jornal, Simão Makazu, em colaboração com João Pires Sumbu e Mbala Lusunzu Vita, este último financeiro, optaram por não emitir mais relatórios e nem prestar qualquer informação financeira ao Bureau Político (PB) e ao Comité Executivo Nacional.

Denunciou que aqueles três responsáveis são os únicos que movimentam o dinheiro do partido, bem como recebem subsídios mensais calculados em 1 milhão e 410 mil kwanzas, em detrimento dos demais quadros da sede nacional do partido.

João Sumbu Pires, que é cumulativamente o secretário permanente do Bureau Político, director do gabinete do presidente, e secretário nacional para a Organização e Formação de Quadros, é apontado pela fonte como sendo o “arquitecto ” no manuseamento das finanças.

Inércia

Pululu informou, que apesar do recebimento regular dos subsídios por parte do OGE e pelo Parlamento, o PDP-ANA nunca realizou actividades político-partidárias de grande dimensão no consulado do actual presidente, que substituiu no cargo Sediangani Mbimbi, num polémico congresso.

Desde a sua ascensão à liderança do PDP-ANA, há cinco anos, apenas efectuou duas viagens de serviço, sendo uma a Cabinda e outra ao Uíge, e nesse período realizou três reuniões do Comité Central, contra as dez previstas nos estatutos do partido, sustentou a fonte.

Zissala Pululu desabafou que nem mesmo em Luanda o PDPANA consegue realizar actividades partidárias, por incapacidade atribuída ao líder do partido a quem aponta falta de bagagem política.

Denunciou que o partido possui uma sede provincial no distrito do Kilamba Kiaxi, adquirida ainda na vigência do presidente-fundador, Mfulumpinga Nlandu Víctor, mas que está votada ao abandono e transformada num covil de criminosos.

Apesar de ser a única estrutura física que o partido possui em todo o país, o presidente optou por alugar uma residência onde funciona a sede nacional, pagando uma renda mensal de 600 mil kwanzas.

Velho hábito

Segundo o entrevistado, Simão Makazu está a repetir a mesma inércia por causa da qual lutou contra o seu antecessor Sedianagani Mbimbi, consubstanciada em “vazio político, ausência na cena política, exclusão de quadros, e apatia no funcionamento dos órgãos do topo à base”, descreveu. 

Contra o presidente, pendem também acusações de ter afastado ilegalmente vários quadros influentes do partido por o terem chamado à razão, destacando-se Nsimba Catarina, Mampinga MbalaZissala Pululu, Constantino Francisco e Abreu Capitão. 

Zissala Pululu disse que tendo em conta a situação que o partido está a viver, que reiterou como decorrente da má gestão do seu líder, os membros do Comité Central têm vindo a encetar contactos para se encontrar uma solução pacífica com o presidente do partido, mas sem êxitos. 

Explicou que houve várias tentativas para reunir com o presidente sob a mediação do Colégio Presidencial da coligação da CASA-CE, de que o PDP-ANA faz parte, mas foram infrutíferas, tendo, então, ficado decidida a convocação de um congresso extraordinário em Setembro. 

A convocação do conclave está condicionamento ao desconfinamento social devido à pandemia que está a assolar o país e o mundo, sustentou Zissala Pululu.