Nagasaki: 75 anos após o bombardeio atómico que varreu a cidade japonesa

Nagasaki: 75 anos após o bombardeio atómico que varreu a cidade japonesa

A cidade japonesa de Nagasaki, uma antiga vila de pescadores, era um dos principais pontos de contacto do Japão com o exterior. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, a cidade não só não perdeu a importância como grande porto marítimo, como também adquiriu importância militar devido às muitas indústrias que operavam na cidade, principalmente construção naval, armamentos e siderúrgicas. Nagasaki nunca havia sido submetida a bombardeios em grande escala antes da explosão da bomba atómica.

No entanto, no dia 1° de Agosto de 1945, várias bombas altamente explosivas foram lançadas no local. Embora os danos causados por este ataque tenham sido relativamente pequenos, ele causou considerável preocupação na cidade e muitas pessoas, a maioria crianças em idade escolar, foram evacuadas para áreas rurais.

Assim, na época do ataque atómico, a população de Nagasaki havia diminuído um pouco. O alvo principal era a cidade de Kokura, mas a densa cobertura de nuvens forçou os americanos a mudar para a segunda opção: Nagasaki.

Quando os bombardeiros se aproximaram da cidade, a artilharia anti-aérea japonesa confundiu-os com aeronaves de reconhecimento e não accionou os alarmes de ataque aéreo.

No dia 9 de Agosto, a tripulação do porta-aviões dos EUA lançou a bomba atómica Fat Man (uma bomba de plutónio de 20 quilotons e massa de 4,5 toneladas) sobre Nagasaki, que matou imediatamente de 60 a 80 mil pessoas.

Algum tempo depois do ataque, os médicos começaram a notar que as pessoas que pareciam estar a recuperar das feridas e do choque psicológico começaram a sofrer de uma nova doença até então desconhecida.

O pico no número de mortes ocorreu três a quatro semanas após a explosão. Assim, o mundo aprendeu sobre os efeitos da radiação no corpo humano. Em 1950, o número total de vítimas do bombardeio de Nagasaki como resultado da explosão e suas consequências foi estimado em cerca de 140 mil pessoas.

Num dos relatos japoneses, a situação observada no território de Nagasaki foi descrita da seguinte forma: “A cidade parecia um cemitério onde nem uma única lápide sobreviveu”. Actualmente, no local do epicentro da explosão da bomba atómica, fica o Parque da Paz (1955), com a Estátua da Paz (de 9,7 metros de altura) do escultor Kitamura Seibo, de Nagasaki.

Todos os anos, a 9 de Agosto, é realizada uma cerimónia neste local, na qual o prefeito da cidade lê a Declaração da Paz Mundial. Neste Domingo (9), durante a cerimónia dos 75 anos em memória às vítimas do bombardeio atómico dos EUA, o prefeito de Nagasaki, Tomihisa Taue, exortou o governo do Japão a se comprometer com a proibição global de armas nucleares.

Ele mencionou a retirada unilateral de Washington do Tratado INF com a Rússia e se mostrou preocupado com os esforços para desenvolver armas nucleares menores. “Como resultado, a ameaça do uso de armas nucleares está a tornar- se cada vez mais real”, enfatizou o prefeito.

Taue pediu então ao governo japonês que assinasse o Tratado de Proibição de Armas Nucleares e “assegurasse a sua ratificação” o mais cedo possível, bem como considerasse o estabelecimento de uma zona livre de armas nucleares no Nordeste da Ásia.