Kamy Lara entre as cinco nomeadas ao prémio de “Melhor Filme Realizado por uma Mulher Africana”

Kamy Lara entre as cinco nomeadas ao prémio de “Melhor Filme Realizado por uma Mulher Africana”

O documentário da realizadora angolana Kamy Lara, “Para lá dos meus passos”, sob a égide da produtora Geração 80, vai estar em exibição no Encounters Film Festival 2020, edição online, com programação parcialmente gratuita de 20 a 30 de Agosto, sendo que o mesmo nomeado como “Melhor Filme Realizado por uma Mulher Africana”, nos “Adiaha Awards”. Contactada por este jornal em relação à nomeação, a realizadora disse sentir-se honrada e orgulhosa por estar entre as cinco nomeadas para o prémio de “Melhor Filme Realizado Por Uma Mulher Africana”, principalmente porque é um prémio da Fundação Ladima.

“É uma organização pan-africana que tem como principal objectivo contribuir para corrigir os desequilíbrios da representação de mulheres na indústria do cinema em África. Fico feliz também por se colocar o nome de Angola nesse circuito que precisamos cultivar todos os dias, de intercâmbio com os outros países africanos”, considerou. Kamy Lara referiu que “Para lá dos meus passos” é um documentário feito por uma equipa principal intencionalmente composta por mulheres que além dela na realização, está Paula Agostinho na co-realização e produção, Gretel Marin na edição e assistência de realização, e Eleonora Gotopo na composição da música original.

Também do lado da Companhia de Dança Contemporânea de Angola, embora o filme seja focado nos seus bailarinos, existe por trás uma equipa principalmente composta por mulheres, com Ana Clara Guerra Marques na direcção artística e a Mónica Anapaz que é a coreógrafa do espectáculo que inspira o filme. “Penso que mais do que o prémio em si, este tipo de nomeações servem para dar visibilidade também ao fosso que existe, falando-falando concretamente de Angola, entre a quantidade de mulheres na indústria do cinema e os lugares menos destacados que essas mulheres normalmente ocupam comparando com os homens”, apontou. Entretanto, a realizadora reconheceu que há ainda um caminho longo pela frente, não só para que mais mulheres conquistem espaço na indústria do cinema em África, mas sobretudo para que se diminua o fosso de privilégios que facilita que algumas mulheres ocupem certos lugares, excluindo outras. “Estamos a falar aqui de privilégios de classe, cor da pele, orientação sexual, etc. Nesse sentido, que os estados africanos apostem na cultura e em políticas igualitárias pode fazer a diferença para que um talento encontre uma oportunidade”, rematou a jovem realizadora.

O documentário

Tendo como foco principal a dança contemporânea no país, este filme retrata o processo de montagem do espectáculo exibido em 2017 pela Companhia de Dança Contemporânea de Angola (CDCA). Acompanha ainda a vida de cinco bailarinos que exploram os conceitos de tradição, cultura, memória e identidade, ao mesmo tempo que questionam a transformação e a desconstrução destes temas nas suas vidas. Além de captarem o processo criativo de montagem de um espectáculo único no país e de darem a conhecer os bailarinos ao serviço da CDCA, os promotores pretenderam contribuir para a criação de uma plataforma de reflexão sobre a tradição, a cultura e a história da dança contemporânea em Angola.

Felicitação

Enquanto entidade que apoiou o projecto, o Banco Económico felicita a Geração 80 e Kamy Lara, e reitera a importância que atribui à arte e à cultura em Angola. “Esta nomeação, que a todos nos orgulha, funciona como um incentivo maior num período em que por todo o mundo as dificuldades se acentuam. Porque não devemos nem podemos perder de vista que é a cultura que nos define, que nos diferencia, que nos afirma e que contribui para o que somos enquanto povo e enquanto nação. E é por isso que este é um dos pilares que anualmente o Banco Económico faz questão de apoiar e promover”, conclui a nota a que este jornal teve acesso.