Familiares, amigos e fãs dão o último adeus a Carlos Burity no campo santo da Sant’Ana

Familiares, amigos e fãs dão o último adeus a Carlos Burity no campo santo da Sant’Ana

Depois da realização da eucaristia de corpo presente, marcada para às 8 horas, no Quartel General dos Bombeiros, os restos mortais do artista, partirão para o cemitério de Sant’Ana, onde será feita a leitura de notas de condolências pelo Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa, pela ministra da Cultura, Turismo e Ambiente, Adjany Costa, e outras considerações que serão feitas pelo Governo Provincial de Luanda, segundo contou a OPAÍS, o assessor do músico, DJ Malo Jaime.

Durante o acto, a União Nacional de Artistas e Compositores –S.A. também vai prestar o seu tributo a este músico, que desde 1972 sempre conseguiu defender as suas raízes e a sua integridade cultural.

Depois da leitura dos elogios fúnebres pela família, será inumada a urna. A apresentação das condolências terá lugar no espaço onde ocorrerá a missa de corpo presente, logo a seguir vem a cerimónia fúnebre, acções que serão pautadas pelas medidas de biossegurança, como o distanciamento físico e a lavagem das mãos, assim como o uso obrigatório da máscara facial.

Trajectória

 Carlos Fernandes Burity Gaspar nasceu em Luanda, a 14 de Novembro de 1952, e viveu parte da adolescência no Moxico onde integrou, em 1968, a formação Pop Rock “Cinco Mais Um”, com Catarino Bárber e José Agostinho, o último do Duo “Missosso”, com Filipe Mukenga.

Discografia

Em 1974 gravou, com o Grupo Semba, uma selecção de músicos angolanos que ficou na História da Música Popular Angolana, o seu primeiro single, que inclui os temas “Ixi Iami” e “Recado”.

Neste mesmo ano, divide o palco com David Zé e Artur Nunes, num grande espectáculo realizado na Cidadela Desportiva de Luanda, promovido pelo empresário Palma Fernandes e Ambrósio de Lemos (ALPEGA).

Em 1983, Burity junta-se ao “Canto Livre de Angola”, um projecto do cantor brasileiro Martinho da Vila e do empresário Fernando Faro, que levou ao Brasil nomes como Filipe Mukenga, André Mingas, Dina Santos, Pedrito, Elias dia Kimuezo, Rebita do Mestre Geraldo, Mamukueno e Joy Artur, acompanhados pelo agrupamento Semba Tropical e participa, integrado no mesmo projecto, na gravação do LP “Semba Tropical in London”, interpretando, com assinalável sucesso, os temas “Mon’ami” e “Tona kaxi”.

O álbum “Carolina” surge em 1991, com os temas “Uabiti Boba”, “Maria Alukaze”, “Narciso” (de Mamukueno), “Carolina”, “Monami”, “Adeus” (Filipe Zau) e Kilundo (Filipe Mukenga). Em 1994, surge com “Angolaritmo “, que aparece sob a forma de CD em 1994, pela editora VIDISCO, com o título “Ilha de Luanda”.

Carlos Burity tem ainda publicados os álbuns “Wanga”, “Ginginda”, “Massemba”, “Zuela o Kidi”, “Paxi jami”, “Malalanza”.

  

Músicas para a eternidade

O Governo Provincial de Luanda (GPL) considera que os temas musicais de Carlos Burity, como “Ilha de Luanda”, “Malalanza”, “Tona kaxi”, “Narciso”, “Paxi jami”, “Monami”, “Uabiti boba”, “”Alukaze”, entre outros, marcarão a eternidade da sua obra e carreira artística, que o tempo não apagará.

 De acordo com a nota de condolências assinada pela Governadora de Luanda, Joana Lina, o cantor foi um intérprete e dono de uma voz que emocionou várias gerações de angolanos com as suas músicas.

Diz ainda que foi um munícipe respeitado de Luanda, que eternizou vários hábitos, costumes e recantos das suas canções, bem patente nos álbuns “Massemba”, “Uanga”, “Ginginda” e outros.

“Foi com profunda dor e consternação que o Governo Provincial de Luanda, o colectivo de funcionários e agentes administrativos tomou conhecimento do passamento físico do músico Carlos Fernandes Burity Gaspar, ou simplesmente Carlos Burity, vítima de doença, ocorrido em Luanda”, diz a nota.

De acordo com o documento, o artista marcou um período áureo da música angolana e era um defensor das raízes da nossa cultura e artes vincadas na sua persistência, nos géneros musicais Semba e Kilapanga.

“Neste momento de tristeza e de luto, endereçamos à família e à classe artística os sentimentos de pesar”.