Associação de camionista a caminho da defesa integral da classe

O presidente da Associação de Camionistas de Angola (ACA), Sabino Vieira da Silva, valeu-se dos seus mais de 13 anos de experiência na camionagem para liderar uma organização, cujas prioridades passarão pelo acompanhamento jurídico aos associados, recrutamento de motoristas habilitados com a carta de condução de veículos motorizados pesados e por ajudar o Estado no controlo estatístico dessa franja da sociedade.

“Para efectivação da primeira intenção, a organização conta com um gabinete de advogados que terá a nobre missão de intervir nos possíveis conflitos laborais que vierem a surgir, normalmente resultantes da violação das condições exigidas por contrato de trabalho ou ausência de um documento com a função do género”, explicou o presidente.

 A par disso, assegurou que a exigência de celebração de contrato escrito com os patronados, empresários ou investidores da área passará a ser a condição ´sine qua non´ da realização da actividade de condução por parte dos motoristas filiados na ACA.

Sobre o recrutamento, referiu que tal procedimento vai contemplar todos os que estiverem habilitados para conduzir um automóvel pesado, incluindo aqueles que, por qualquer circunstância, possuam a “carteira”, mas não têm experiência ou domínio prático.

Aliás, a favor destes, a associação pretende abrir uma escola para os reciclar, de modo a recuperarem a habilidade que terão perdido, por não terem tido oportunidades de se empregar na área da camionagem.

A ideia de intermediar a conquista de uma vaga para os filiados consta das prioridades da equipa de Sabino Vieira.

 Relativamente à parceria com o Estado, o entrevistado acha necessário que os órgãos que dirigem o país saibam exactamente quantos motoristas se encontram a exercer a actividade, sob que condições e quais as preocupações.

“Como se pode ver, há razões muito profundas e objectivas que nos fizeram decidir criar a ACA, porque se verificava uma lacuna ou invalidade, de acordo com a lei, na existência de um grupo que se identifica como tal, mas sem um estatuto que os regularize”, disse Sabino da Silva, tendo reiterado que a sua agremiação se preocupará em orientar e defender condignamente a classe dos camionistas, como o fazem a dos taxistas, moto-taxistas e outras.

Questionado se, com estes argumentos, não estava a desvalorizar o esforço das organizações já existentes, o presidente da ACA foi peremptório em declarar que “não há nenhuma associação de camionista, existem, sim, organizações que representam e defendem mais os interesses dos patrões”.

Aliás, aproveitou a oportunidade para esclarecer que camionistas não são os proprietários de camiões, mas os que têm o camião como o seu instrumento de trabalho, ou seja os que os conduzem.

 Ele revelou que aprendeu a denominar os donos de camiões de protistas ou empresários. Sabino da Silva, que não esconde o carácter sindical da sua associação, assegurou ainda o propósito de extensão nacional do estatuto da ACA, no sentido de dirimir as propaladas assimetrias reclamadas pelos camionistas de em presas fora de Luanda, no que às condições de trabalho e salário diz respeito.

 

Idealizadas horas de trabalho

Dos resultados de uma discussão realizada em Março último, quando a ACA realizou a sua assembleia, consta a questão das horas de trabalho dos condutores de camiões. Conquanto as representações provinciais de Luanda, Cuanza Sul e Huambo, além das da Huíla, do Namibe e Bengo, com a congénere de Benguela, enquanto delegação-sede da ACA, tenham idealizado oito horas consecutivas de trabalho.

 Informaram que o assunto será levado à mesa de negociação com a classe de patronatoque, na maior parte das vezes, exige que, independentemente dos constrangimentos da via, a mercadoria tenha de chegar a determinado tempo ao destinatário.

Outra preocupação teve a ver com a condução nocturna, outro assunto que a associação prevê discutir com os empregadores, a fim de se retirar a obrigação de conduzir pela noite e madrugada.