Liderança militar do motim no Malidiz que PM e Presidente foram presos

Liderança militar do motim no Malidiz que PM e Presidente foram presos

Nesta Terça-feira (18), segundo fontes ouvidas pela Sputnik, vários oficiais do governo e do Exército do país da África Ocidental foram detidos na capital Bamako e na base militar de Kati. Os distúrbios teriam sido causados por reclamações financeiras por parte dos soldados.

Antes, o suposto líder dos amotinados disse à AFP que o presidente e o primeiro-ministro do Mali haviam sido detidos na residência presidencial, em Bamako. A informação foi confirmada por fontes da Sputnik.

 O motim pelas unidades militares do Mali começou nesta Terça-feira (18). A media local informou que quatro militares foram responsáveis pela organização do motim. O governo emitiu um comunicado assinado pelo primeiro-ministro, pedindo um diálogo com os amotinados.

Testemunhas disseram à Sputnik que civis também saíram às ruas de Bamako em meio à falta de segurança, com sons de tiros ouvidos ocasionalmente e soldados rebeldes a realizarem disparos de advertência na direcção da residência do presidente.

“Manifestações em massa [estavam a ocorrer] na capital do Mali, Bamako, em meio à falta de agências de segurança. Manifestantes exigiam a renúncia do Presidente Ibrahim Boubacar Keita. Soldados rebeldes circulavam nas ruas, cumprimentando multidões de manifestantes na Praça da Independência, no centro da cidade”, contou uma fonte.

 Uma fonte do Ministério das Relações Exteriores russo disse à Sputnik que Moscovo está a “acompanhar “de perto os eventos’ e a verificar os relatos de que rebeldes prenderam o presidente.

Um porta-voz do secretáriogeral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse que o chefe da ONU está a acompanhar a situação e pede aos malianos que preservem as instituições democráticas do país.

“O secretário-geral apela a todos os malianos para que preservem a integridade das instituições democráticas do país e afirmamos que juntamente com a CEDEAO [Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental], a União Africana, a União Europeia e outros parceiros, as Nações Unidas irão continuar a acompanhar os malianos nos seus esforços para consolidar a paz e a democracia”, disse o porta-voz Stephane Dujarric.

 Já o presidente francês, Emmanuel Macron, condenou o motim. Segundo publicou a agência Reuters, Macron conversou com o Presidente do Mali e os líderes da Costa do Marfim, Senegal e Níger sobre a situação no país.

 Os Estados Unidos e a CEDEAO também condenaram o motim. A França se juntou aos EUA e à CEDEAO condenando o possível motim em andamento no Mali. Também é interessante a atenção que a Turquia dá aos eventos do Mali. Será que a ansiedade geopolítica entre a França e a Turquia no Mediterrâneo e na Líbia se mudou para o Sul?

Motim vem em meio à crise política no Mali O motim, desta Terça-feira (18), vem na esteira de uma crise política em curso no Mali, com apoiantes do grupo de oposição “Movimento 5 de Junho” a ir às ruas para exigir a renúncia do presidente Keita. Houve confrontos durante protestos nos dias 11 e 12 de Julho entre manifestantes e forças de segurança malanas, resultando na morte de 11 pessoas e deixando mais de 120 feridos.

A oposição alega que Keita não tem conseguido lidar com a corrupção no país e também não foi capaz de restaurar a segurança em meio à escalada de violência jihadista e intercomunitária.

A oposição também criticou as polémicas eleições legislativas no final de Março deste ano, que teriam sido acompanhadas por sequestros e ameaças de morte contra observadores e autoridades locais.

Ainda em Março, 29 soldados malianos foram mortos num ataque terrorista no Nordeste do país. Em Janeiro, outras 20 mortes aconteceram na base militar de Sokolo, na região central do país.

 A situação política no Mali se desestabilizou em 2012, depois de militantes tuaregues tomarem áreas na região Norte do país, o que foi agravado devido aos islamitas locais e à intervenção francesa.

Em Fevereiro deste ano, a França anunciou planos de enviar 600 soldados adicionais à África Ocidental para se juntar aos 4,5 mil soldados que já estavam lá para combater terroristas nas regiões do Sahara e do Sahel.