Editorial: Assassínios de carácter

Editorial: Assassínios de carácter

Atingir a imagem de personalidades tem sido, desde os primórdios, uma das principais acções para se desacreditar e descredibilizar processos. E por ser um recurso quase que esgotável nas sociedades modernas, obedecendo a determinados processos para a sua recuperação, este expediente resiste até aos nossos dias.

Há três meses, no município do Cazenga, foi assassinado o inspector do Ministério das Finanças no Cuanza-Sul, Rodrigo Eduardo. O homicídio fez com que antes mesmo de se ter apresentado os suspeitos se fuzilasse nas redes sociais a imagem de personalidades, aliando-se o crime a determinadas práticas que se dizia ocorrer na província em que trabalhava. No quadro dos esclarecimentos dos crimes violentos, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) deverá apresentar hoje, em Luanda, os três indivíduos implicados na acção que vitimou o funcionário público, que, à data dos factos, nem se encontrava na sua zona de trabalho.

A maneira como se resolvem determinados crimes nas redes sociais resume-se tão somente a uma fórmula intrincada de assassínio de caracter com consequências nefastas. Hoje, com certeza, os acusados deverão fornecer alguns detalhes de como se terá desencadeado tal operação, o que poderá deixar boquiabertos alguns dos juízes que se apressaram a ditar a sentença antes do tempo.