Neide Van-Dúnem espera que com a estreia do filme ‘Santana’ na Netflix, o cinema angolano seja melhor visto

Neide Van-Dúnem espera que com a estreia do filme ‘Santana’ na Netflix, o cinema angolano seja melhor visto

Nesta película, Neide interpreta a personagem Célia Reis, uma agente da então Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC), actual Serviço de Investigação Criminal (SIC). Através desta instituição, ilustra o dia-a-dia das mulheres guerreiras, que acreditam na igualdade de direitos no trabalho.

Além da estreia de Angola nesta plataforma, onde são exibidos filmes de grande sucesso, a actriz, assim como outros artistas angolanos, verão a sua carreira ser internacionalizada. Por isso, Neide sente-se feliz, pelo facto de o seu talento, por via deste trabalho, ser mostrado além-fronteiras, facto que observa como o sonho de todos os profissionais.

“Para mim, este é o primeiro de muitos degraus ainda por percorrer, e, principalmente, por ter sido um filme onde particularmente dei muito de mim, não só como actriz. Por isso, optei por formar-me no ramo em Hollywood, onde aprenderia bases que me permitissem trabalhar em qualquer mercado internacional”, enalteceu.

Expectante quanto à exibição do filme naquela provedora, ela almeja que o cinema angolano seja visto com outros ‘olhos’, não só ao nível internacional, mas também no nosso país. Deseja ainda que se consiga com este passo, provar a existência de um futuro nesta área, que considera que deve ainda ser lapidada.

“Muito já tem sido feito, temos realizadores e guionistas que lutam diariamente para este reconhecimento. Espero que as próximas produções sejam por nós tratadas com o devido respeito e credibilidade por todos, tanto para os consumidores como pelas marcas e possíveis investidores”, enfatizou.

A também produtora e criadora de conteúdos (guionista), fala sobre o assunto com propriedade, por saber das dificuldades em materializar- se projectos do género, isso por ter constatado pouca credibilidade do cinema nacional. Mas, apesar do facto, observa que a cada dia, esta arte tem ganhado o seu espaço, como com a presente exibição.

Trata-se de um trabalho redigido e realizado pelo angolano Maradona Dias dos Santos e pelo norte- americano, radicado na África do Sul, Chris Roland. É uma co-produção da produtora angolana, Giant Sables Media (palanca negra) e da sul-africana Zen HQ filmes.

Triunfo para o cinema nacional

Quanto ao filme, a actriz avalia, positivamente, uma acção que considera benéfica não só para o elenco, mas também para o mercado cinematográfico angolano, por examinar como uma oportunidade para todos, para as futuras produções 100% nacional, que estão a decorrer no momento.

“Desde o primeiro contacto com o guião, sempre houve a certeza de que seria um grande filme e que estaria muito além da realidade cinematográfica angolana. Durante todo o tempo de rodagem, sempre houve uma certeza geral do seu sucesso, e hoje ter sido aceite pela Netflix, só comprova que não estávamos errados”, contou.

O elenco

A película falada em português e inglês, conta com um elenco com os actores angolanos, entre outros, Dalton Borralho, Raúl do Rosário, Quim Fasano, com o nigeriano Hakeem Kaae-Kazim, da África do Sul, Jenna Upton, Rapulana Seiphemo e David Ohara, que podem ser vistos em várias séries e filmes de Hollywood, com grande destaque. Participaram ainda os músicos angolanos JD e Cage One. A actriz julga rico o elenco, que durante as gravações demonstraram profissionalismo e sentido de responsabilidade, aspecto que foi muito apreciado durante o trabalho. “Para mim é sempre uma honra trabalhar com grandes actores, e, acima de tudo, intérpretes disciplinados. O que mais me orgulha é o nosso senso de responsabilidade no trabalho”, disse.

Tendo ainda avançado que “foram todos muito profissionais e muito elogiados pelo nível de entrega e de profissionalismo. Houve uma influência muito grande dos veteranos, sobre os que gravavam pela primeira vez, o que acabou por criar uma óptima sinergia entre todos”.

Para além de se efectivar a troca de experiências, foi possível ainda mostrar aos estrangeiros a cultura angolana. “É uma pena esta situação de pandemia da Covid-19, pois, fazia parte dos planos da produção trazê-los à estreia. A troca de experiências foi muito boa, e, obviamente, sempre fica o contacto e uma boa amizade, e sempre a expectativa de próximas parcerias para a qual eles estão abertos”, lembrou com entusiasmo.

Novas produções de Neide A profissional que trabalhou recentemente na produção da peça teatral “Elas não precisam de homens?”, através da sua produtora Mentes Fabulosas, neste momento está a desenvolver conteúdos para televisão. Trata-se de três projectos para lançar em 2021, pela sua produtora, dos quais dois estão já fechados, enquanto o outro está em fase de produção.

Por essa e outras razões, observa que o cinema nacional esteja a entrar numa nova era, em que estão a ser apresentados trabalhos que jamais ousava-se fazer no país. “Estamos a investir na arte, desde os palcos, até ao audiovisual de forma inimaginável. Penso que a partir de agora, nunca mais veremos a arte nacional com os mesmos olhos”, augurou.

A referida produção referiu tratar- se de um desafio a que se propôs, com o desejo de triunfar, conforme ocorreu, com a bilheteira  esgotada em quatro dias antes da estreia da peça. O seu maior sonho nesta área de produção é a de poder ver várias peças, de múltiplas pessoas e produtoras em tournée ao mesmo tempo, assim como poder fazer do teatro uma das maiores atracções turísticas do país.

“Para isso, não podemos estar presos numa produção apenas, e sim criar mecanismos para quem tenha boas ideias e materializá-las. Ganhamos todos! Neste momento, já estou a trabalhar noutras novas ideias, que, assim que pudermos voltar às salas de teatro, ganharão vida e depois os donos darão continuidade, conforme acharem melhor”, finalizou.

Percurso

Neide Van-Duném nasceu em 1986. Tem a formação Superior em Cinema e Teatro, pela Academia de Hollywood “Stella Adler Academy”. É ainda Bacharel em Informática.

Começou a sua carreira aos 15 anos no Teatro. Aos 16, gravou as Novelas “Sede de viver” e aos 19 anos “Entre o crime e a paixão” pela Televisão Pública de Angola (TPA). Em 2007 estreia-se na música com o hit “Olá baby” dueto com Caló Pascoal, chegando à final do “Top dos mais queridos” e em 1º lugar no top MTV Base, durante seis semanas. Comandou o programa “LAC à Tarde”, ao lado de Lito Costa e como locutora de rádio, descobriu a paixão pela Locução Publicitária. Gravou o Filme “Momentos de Glória” e em 2010 partiu para Los Angeles para formar- se em cinema. Durante este período, pisou em vários palcos com as peças de teatro: “Wild Honey”, “Titus Andronicus ”(merecedora de critica jornalística), “The Marriage of Bette & Boo”, “Comedy of Errors”, “Been So Long”, “Three Days of Rain” e “The Shape of Things”.

Gravou o filme “Dias Santana” em 2015, uma coproduçã o Angola/África do sul. Dedicou-se à acção social, dando aulas de inglês e direccionando adolescentes, tornando-se mais tarde co-fundadora e coordenadora- geral adjunta do projecto “Meu padrinho, meu mentor”. Como locutora publicitária cedeu voz para várias marcas. Actualmente, dá voz a uma companhia” (exclusiva), para publicidade, a uma operadora de telefonia móvel do país. Na Vida TV apresentou o programa “Dia a Dia” passando também pelo “Hora Quente”. É a actual directora da revista Chocolate sem esquecer a da sua produtora, Mentes Fabulosas.