Sonae desfaz parceria com Isabel dos Santos e passa a deter 33,45% da Nos

A Sonae, através da Sonaecom, e Isabel dos Santos chegaram a um acordo para desfazer a parceria na Nos, na sequência do caso Luanda Leaks. Minutos depois de anunciar a separação da empresária angolana, a Sonae comunicou ao mercado a aquisição da posição de 7,38% do BPI na operadora portuguesa, passando a deter uma “participação de controlo” de 33,45% que lhe permite assegurar a estabilidade accionista na Nos.

Em causa está o veículo através do qual a Sonaecom, a operadora angolana Unitel e a Kento Holding, esta última detida a 100% por Isabel dos Santos, controlam 52,15% da Telecom portuguesa, a Zopt.

Em comunicado enviado Quarta-feira, 19, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Sonaecom informou que a Zopt vai ser dissolvida “de modo a que os respectivos activos, incluindo a participação na Nos, sejam repartidos proporcionalmente pelos accionistas da dita Zopt“.

“Uma vez concretizada a referida partilha, a Nos deixará de estar sob o controlo conjunto da Sonaecom e da Eng.ª Isabel dos Santos (enquanto accionista de controlo da Unitel International Holdings, BV e da Kento Holding Limited)”, acrescenta a empresa portuguesa em comunicado.

A Sonaecom detém 50% do capital da Zopt, controlando assim, de forma indirecta, 26,075% do capital da Nos. Seria esta a participação com que ficaria após a dissolução da Zopt, mas a Sonae, num outro comunicado divulgados minutos depois, adiantou que adquiriu 7,38% detidos pelo BPI. A preço de mercado, terá investido cerca de 137 milhões de euros para comprar a posição ao banco.

Ou seja, com este reforço, “à data da concretização da dissolução da Zopt, como anunciado ao mercado pela Sonaecom, à Sonae continuará a ser imputada uma participação de controlo na Nos representativa de 33,45%“, segundo esclareceu a Sonae.

Quanto Isabel dos Santos, a empresária angolana detém 100% do capital da Kento Holding (sediada em Malta) e 25% da Unitel, através da Vidatel. Devido à disputa que mantém com o Estado angolano, as suas empresas e contas bancárias em Angola e em Portugal foram arrestadas.

A Zopt foi criada em 2012, agregando os interesses da Sonaecom e de Isabel dos no sentido de promover uma consolidação do sector, com a fusão da Zon e Optimus. Esta separação surge depois da polémica criada em torno de Isabel dos Santos por causa do Luanda Leaks, que expôs os esquemas financeiros da empresária angolana em Portugal e que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano utilizando paraísos fiscais.