O Efeito Multiplicador do Nano-empresário!

No meu último artigo fiquei com a responsabilidade de vos falar do efeito multiplicador da aplicação de acções, tendo como base uma “amostra” e após o resultado desta, como e quando se pode sentir os devidos efeitos.

Um efeito multiplicador verifica-se, em geral, quando uma variação unitária numa determinada variável exógena ou externa provoca uma variação mais do que proporcional numa outra variável, de carácter endógeno ou interno.

Nesses casos, o valor do multiplicador propriamente dito corresponde ao coeficiente que relaciona a variação das duas variáveis em causa. Em conjunto, no decorrer da leitura vamos perceber quais são as variáveis (exógena ou externa/ endógena ou interna) e de que variação se trata.

A zungueira é a nossa “variável exógena”, variável que afecta todo o sistema desenhado, afecta por várias razões/variáveis (endógenas) que tornam difícil a implementação do processo de transformação do informal para o formal. E por esta variável não ir ao encontro dos objectivos traçados pelo executivo põe em risco o sucesso do que chamamos de economia formal.

O que é a economia formal? Economia formal é toda aquela atividade económica que cumpre as obrigações legais e fiscais, ou seja, arrecada impostos e está sob regulamentação. Depois de percebermos o papel desta variável no plano económico, a preocupação maior é perceber como a tornar viável e automaticamente multiplicadora? Ela torna-se viável quando devidamente reconhecida e identificada junto do sistema económico criado e controlado pelo executivo.

 O sucesso multiplicador será visível quando a variável exógena (zungueira) se tornar reconhecida formalmente, passando a estar sujeita a um programa de formação, a um programa de educação cívica e a um programa de reinserção social (lembrando que a sua maioria vem das províncias pelo que há que entender que a co-habitação urbana difere da co-habitação nas zonas rurais). Trabalho que deve envolver uma força motora intelectual proveniente dos ministérios da “Economia e Planeamento”, “Finanças” e “Acção Social, Família e Promoção da Mulher”.

Cabe a estes ensiná-las a terem um papel multiplicador. Como? Criando sinergias entre elas e o executivo, em que elas se sintam responsáveis pelo processo ou se sintam responsáveis pelo sucesso da passagem do informal para o dito “formal”. E como:

  • Transformando-as em criadoras de emprego, e fazendoas entender que as suas bacias em vez de “uma” podem ser “quatro”, com criação directa de emprego, tornando-as donas do negócio (Nano-empresárias), e registando as trabalhadoras na segurança social, com um aumento do emprego formal e automaticamente ensinando-as a gerir o seu pequeno negócio (como? Próximo artigo);

Não podemos esquecer que a economia informal é o mercado de trabalho onde se regista o maior défice em termos de liberdade de associação, de poder de negociação, de trabalho forçado e de discriminação no trabalho, como consequência da quase total falta de aplicação da legislação e regulamentação laboral.

E se tivermos em consideração estas variáveis, com toda a certeza que temos matéria para realizar formações a médio e longo prazo e transformar as nossas zungueiras numa classe laboral com conhecimento e munidas de ferramentas para a sua própria defesa (pessoal e negócio).

Kénia Camotim

Economista