Falta de apoio emperra conclusão da Escola de Futebol do Zango

Falta de apoio emperra conclusão da Escola de Futebol do Zango

A equipa de reportagem deste jornal deslocou- se ontem ao distrito do Zango 1, na rua 4 do INEA, no município de Viana, para radiografar “in loco” a Escola de Futebol “Brincando Com a Bola Ti Nandinho”.

À medida que caminhávamos no recinto, onde a escolinha realiza as actividades do ABC do desporto- rei, por falta de vedação os moradores do bairro circulavam pelo campo como se tratasse de uma rua.

Fundado em 2010, a escola de futebol, conta com um campo pelado, um WC, uma sala para arrecadação de diversos bens e uma sede social onde estão guardados os troféus que tem conquistado nos torneios.

Aliás, o projecto está instalado num terreno de 70 por 90 metros quadrados. O mesmo foi cedido em 2012 ao mentor da escola, Armando da Costa Faria , mais conhecido por Ti Nandinho, pelo antigo governador e primeiro secretário do MPLA de Luanda, Bento Bento. Deste modo, a escolinha foi criada para ocupar os tempos livres dos petizes e afastá-los das más práticas, logo os 140 jogadores que estão inscritos também recebem aula de matemática e língua portuguesa.

Durante a reportagem não foi possível encontrar os futuros craques da bola a fazerem o que mais gostam, face à Covid-19, que está a assolar o mundo, e Angola já conta com mais de 2 mil casos positivos registados.

Por esta razão, é que os atletas estão em casa, porém têm o devido acompanhamento do mister Ti Nandinho, por via das plataformas digitais, de modo a não perderem a forma desportiva.

O projecto de futebol Brincando Com a Bola, começa a admitir as crianças a partir dos 5 aos 17 anos de forma gratuita, mas uma das exigências para fazer parte da família Ti Nandinho é imperioso que o candidato esteja a estudar.

“Se não estiver a frequentar o ensino, ajudamos os pais a conseguir uma vaga em algum estabelecimento escolar.Por outro lado, não fizemos testes porque para nós o importante é o enquadramento da criança para que amanhã possa servir à nossa sociedade” , explicou.

Armando da Costa Faria contou que a escola sobrevive de meios próprios, o que não é suficiente para a conclusão do projecto, para comprar material desportivo como cones, bolas, equipamento para a sessão de treinos, bem como para particular de um torneio e a falta de água também é um problema que o mesmo pretende ver resolvido quando as actividades desportivas forem retomadas. “Ainda assim, temos tido a boa vontade de algumas pessoas e instituições particulares. O pouco que temos recebido dá para minimizar alguma coisa”, esclareceu.

Falta parceria

Apesar de existir há 10 anos e ter lançado para a ribalta do futebol angolano, o médio Picas para o Petro de Luanda, o responsável assegurou que a escola não tem acordo com nenhuma equipa nacional e estrangeira.

“Estamos abertos a parcerias, mas o que acontece muitas vezes não tem havido credibilidade de algumas equipas que querem tirar maior proveito do trabalho da formação dos clubes pequenos”, mostrou- se triste pela situação.

O interlocutor reconheceu que o Picas é, neste momento, a ‘mascote’ da turma do Zango 1, e por via da boa ligação com os tricolores permitiu que o jogador fosse ao Catetão.

“O primeiro acordo com a turma petrolífera foi cumprido, ou seja, um acordo que foi criado internamente. Se o menino for para o exterior temos de nos beneficiar com alguma coisa”, garantiu. O Loide Augusto, que está no Sporting B de Portugal, é outra referência do bom trabalho que a escolinha tem feito.

Complexo Desportivo Escolar é uma ‘miragem’

O patrono da escola de futebol, de 56 anos, disse que sonha ver o recinto transformado em Complexo Desportivo Escolar, mas este desejo ultrapassa as suas capacidades.

O antigo treinador de André Macanga, ex-atleta dos Palancas Negras, admitiu que já recebeu a visita de vários governantes e representantes da administração municipal local, onde aproveitou para apresentar o seu projecto, sendo que os visitantes levaram as preocupações da escola.

Assim, o treinador aguarda que um dia haja disponibilidade financeira para que possa ser lembrado e felizardo.

Quanto ao fundo que a FIFA, por via da FAF, vai disponibilizando para os clubes, o mister, como é tratado pelos atletas, disse que não gosta de fazer contas de forma antecipada. “É algo que ouvimos, é uma informação ainda oficiosa e não temos nada que fazer contas. Quando recebermos uma notificação da federação é a partir daí que vamos pegar a máquina calculadora para fazer as contas”, frisou.

“O estado actual do futebol angolano é triste”

“É com muita tristeza que olho para o futebol angolano”, foi assim que o mentor do projecto Brincando Com a Bola Ti Nandinho, que Armando da Costa Faria, considerou o estado actual do desporto- rei no país.

“Diz-se que a construção de qualquer obra tem que ser feita debaixo para cima. Fala-se muito sobre o futebol de formação, mas olharmos para a distância do futebol de formação e a federação há uma diferença abismal”, comparou. S

em entrar em detalhes, o mister que trabalha na formação há 40 anos revelou que não há condições para formar: “o que temos feito é tomar algumas medidas paliativas e dentro das muitas limitações fazer aquilo que está dentro das nossas possibilidades”.