Psicólogo preocupado com recúo no processo de adaptação de crianças de classes de iniciação

Psicólogo preocupado com recúo no processo de adaptação de crianças de classes de iniciação

Kintombo Pedro chamou a atenção dos professores para, no reatamento das aulas, não criarem uma pressão de continuidade, porque a criança deverá ter a oportunidade de aprender tudo novamente. “Aliás, a própria mente dela vai accionar o mecanismo do recomeço, daí que não se recomenda um plano de revisão, mas de recomeço até mesmo dos conteúdos, como se tudo estivesse a acontecer pela primeira vez, pois, só assim se terá sucesso”, advertiu o psicólogo, asseverando que os instrutores devem, igualmente, estar preparados para compreender as alterações que a situação do estado de emergência e situação de calamidade impuseram na vida dos miúdos.

O entrevistado defende que, pelo facto de as crianças terem ficado muito tempo em casa e lhes ter sido anunciado o regresso à escola, o professor terá mesmo de rebuscar como foi o primeiro processo dela, na ocasião da entrada, e adaptá-la à nova realidade. Questionado se as medidas de segurança impostas pela Covid-19 não limitam os métodos do processo de ressocialização da criança, Kintombo Alberto Pedro começou por admitir que o distaciamento físico, a máscara e outras medidadas encurtaram os mecanismos de inserção social, mas aconselhou os educadores a aproveitarem o facto de os miúdos já saberem alguma coisa sobre a doença, para lhes reforçarem instruções adicionais.

“No primeiro momento, a criança já se vai apresentar estranha. É o professor que deverá assegurar-lhe que o ambiente ainda é social e sociável, desde que esta observe, constantemente, a lavagem das mãos, uso da máscara e o distanciamento físico. Ele referiu ainda que todas as alterações que vão ocorrer devem-lhe ser comunicadas com muita calma, sendo que, para tal, o professor terá mesmo de jogar um duplo papel. “Se, antes, durante o intervalo, ficava na sala de docentes durante os intervalos, agora terá de escolher parte desse tempo recreativo para controlar e orientar os seus e os alunos dos seus colegas de turno”, frisou.

Paralisação quebra de desenvolvimento Kintombo

Pedro recordou que, nos primeiros momentos da suspensão das aulas, as crianças manifestavam, constantemente, o interesse de retornar à escola. “Agora se pode verificar que essa ânsia diminuiu muito. Daí que é imperativo observar a questão que o ritmo normal tinha dado aos miúdos, embora o ano lectivo tenha andado apenas nos meses de Fevereiro e Março, com alguns feriados e interrupções que não deixaram completar mais de 25 dias de aulas.

Segundo ele, o tempo de suspenção quebrou primeiro o ritmo que a criança já começou a criar, o vínculo entre colegas, professores e conteúdos e as possíveis habilidades por si assimiladas, tendo comprometido a segunda fase de socialização da própria criança. Reforçou dizendo que, a partir dos seis anos de idade, os pequenos começam a socialização secundária, visto que ela tinha um mundo familiar, onde aprendia todo o conhecimento sobre o universo.

“Ao entrar para a escola, seja no jardim de infância, no pré-escolar ou na 1ª classe, para alguns pequenos, começam a socializar-se com um novo mundo, criar novas amizades e nova forma de inserção numa sociedade mais alargada”, disse, acrescentando que os vínculos ou relacionamentos afectivos com outras pessoas, vãose familiarizando com a figura do professor, começando esta a servir como modelo para ela, no que toca até à formação das suas atitudes e da própria personalidade.