Embaixador dos EUA na China deixa o cargo no próximo mês

Embaixador dos EUA na China deixa o cargo no próximo mês

O embaixador dos Estados Unidos na China vai deixar o cargo no início do próximo mês, encerrando um mandato de três anos marcado pela rápida deterioração das relações entre Pequim e Washington. O embaixador dos Estados Unidos na China vai deixar o cargo no início do próximo mês, encerrando um mandato de três anos marcado pela rápida deterioração das relações entre Pequim e Washington, anunciou, ontem, a embaixada. Terry Branstad, que foi nomeado para o cargo em 2017, confirmou a sua decisão durante um telefonema com Donald Trump, na semana passada, segundo um comunicado difundido pela embaixada dos EUA. A embaixada não detalhou os motivos da sua partida.

“Do que tenho mais orgulho no nosso trabalho é termos conseguido o acordo comercial ‘fase 1’ e entregado resultados tangíveis”, disse durante uma reunião com a equipa na embaixada. O secretário de Estado norte- americano, Mike Pompeo, tinha já sugerido que o embaixador estava de saída, através de uma mensagem difundida na rede social Twitter a agradecer a Branstad. “O embaixador Branstad contribuiu para reequilibrar a relação entre EUA e China, para que seja orientada para resultados, recíproca e justa”, escreveu Pompeo. Pompeo revelou, na semana passada, que o jornal oficial do Partido Comunista da China, o Diário do Povo, se recusou a publicar um artigo de Branstad, enquanto o embaixador da China, nos Estados Unidos, “está livre para publicar em qualquer meio de comunicação” norte-americano.

Não é claro se a saída está relacionada com aquela polémica. O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, disse que o artigo de Branstad estava “cheio de lacunas, era gravemente inconsistente com os factos e atacava e difamava a China”. A Embaixada dos Estados Unidos contactou o Diário do Povo, a 26 de Agosto passado, a pedir que o artigo fosse impresso na íntegra, sem edição pelo jornal, até 4 de setembro. Branstad, de 73 anos, foi governador do Estado de Iowa por duas vezes, entre 1983 e 1999, e entre 2011 e 2017. O diplomata serviu em Pequim desde 2017, num período de rápida deterioração das relações entre Pequim e Washington. Trump nomeou o embaixador após um período de dois meses durante o qual ninguém preencheu a posição. O funcionário número dois da embaixada, David Rank, renunciou após ter criticado a retirada dos EUA do acordo de Paris para o clima.

Nos últimos anos, as relações comerciais deterioraram-se, à medida que os EUA impuseram taxas alfandegárias sobre os produtos chineses e a China retaliou na mesma moeda. Outras disputas seguiram-se sobre tecnologia, direitos humanos e a resposta à pandemia do novo coronavírus. Branstad juntou-se ao Representante do Comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, e ao Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, durante as negociações comerciais com os seus homólogos chineses, em Pequim, em maio de 2019. O acordo “fase 1”, alcançado em Janeiro deste ano, representou uma trégua, mas não atendeu às principais reclamações de Washington. A declaração da Embaixada dos EUA também observou o papel de Branstad no esforço para reduzir o fluxo de fentanil da China para os Estados Unidos, incluindo um pacto de 2018 no qual a China concordou em classificar o opioide como substância controlada.