Comunidade de estados africanos impôs prazo para Mali nomear liderança política de transição após golpe de Estado liderado por militares em Agosto.
O prazo dado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) ao Mali para a nomeação de um Presidente de transição terminou ,ontem, Terça-feira, assim como o embargo ao comércio e às transações financeiras com o país. Numa cimeira que reuniu chefes dos Estados-membros da organização regional a 07 de Setembro, o presidente da Comissão da CEDEAO, Jean-Claude Brou, afirmou que “o Presidente da transição e o primeiro-ministro da transição devem ser designados, o mais tardar”, até 15 de Setembro.
No comunicado da cimeira, Jean-Claude Brou acrescentou que a conferência manteve as decisões sobre as sanções adoptadas contra o Mali, em particular quanto a trocas financeiras e comerciais e o encerramento de fronteiras. As sanções foram adotadas após um golpe realizado por militares a 18 de Agosto, que derrubou o então Presidente Ibrahim Boubacar Keita, tendo a liderança do país sido assumida por uma junta militar, que se auto designou Comité Nacional para a Salvação do Povo (CNSP). No Domingo, a oposição maliana, através do movimento M5- RFP, distanciou-se de um plano de transição acordado no Sábado por militares e várias forças políticas.
O roteiro de transição política do Mali, com uma duração proposta de 18 meses, começa com a nomeação de um Presidente interino e vice-presidente, por um conselho eleito pelo CNSP, mas deixa em aberto a possibilidade de serem os militares a dirigir o período de transição.
O chefe da junta militar do Mali, o coronel Assimi Goita, prometeu, no sábado, instituir um Governo para restaurar o poder civil num prazo de 18 meses, após a adoção de uma carta de transição. Além da instabilidade política, o Mali regista uma situação de violência intercomunitária e de frequentes ataques ‘jihadistas’ contra o Exército maliano e as forças estrangeiras, incluindo francesas, destacadas em extensas zonas do centro e norte do país.
Além da CEDEAO e da União Africana, a ação militar foi rejeitada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela União Europeia (UE). Portugal tem no Mali 74 militares integrados em missões da ONU e da UE. Antigo primeiro-ministro (1994-2000), Ibrahim Boubacar Keita, 75 anos, foi eleito chefe de Estado em 2013, e renovou o mandato de cinco anos em 2018.