Celso Rosas não é um estranho

Há vários anos que se diz que a província de Luanda é um esmerado cemitério de quadros. Quem pretender enterrar-se até ao pescoço, basta que aceite dirigir a província. Meses ou anos depois saberá o quanto anda cotado o seu nome por conta dos inúmeros problemas muitos dos quais sem soluções aparentes.

Os exemplos que nos chegam de Benguela indicam também que, depois de Luanda, será a província do país em que dificilmente se consegue obter uma aprovação junto da opinião pública local, tendo em conta a fiscalização ao milímetro feita pela sociedade civil local e os interesses instalados. Que o diga o governador Rui Falcão, que, ainda anteontem, desabafou que muitos benguelenses pensam que ‘o cofre de Angola está na província (Benguela)’.

O romance actual com a sociedade benguelense está associado ao processo de preenchimento de vagas na direcção da empresa. O novo gestor optou pela realização de testes e os melhores foram guindados para as posições cimeiras, substituindo assim os métodos antiquados em que as promoções estavam assentes em critérios nebulosos.

Quem passou pelo Instituto Médio de Economia de Luanda (IMEL), na década de 90, conhecerá quem é este homem de quem se fala esta semana: Celso Rosas. Cultor do rigor, mérito e disciplina, nada do que está a ser feito no Lobito, por Celso Rosas, constitui uma novidade para os que com ele privaram, principalmente os meninos que com ele cruzaram ainda em tenra idade.

Os que tiveram a possibilidade de passar pelo IMEL sabem-no de cor e salteado o quanto este cidadão pujante e destemido impunha respeito aos alunos e professores. Vezes houve em que um pequeníssimo deslize, que exigisse um tete-a-tete com o director Celso Rosas, exigia várias rezas para que este não aplicasse rigorosamente as normas em vigor na instituição.

Muito do que é aplicado pelos quadros que saíram daquela instituição, que formava técnicos médios de jornalismo, administração pública e contabilidade e gestão, é também fruto da gestão e métodos de ensino aplicados por quadros como Celso Rosas e professores como Gabriela Antunes, Maria Lectícia, Issenguele, Katchipia e outros.

Sempre existiram os Celsos Rosas nos departamentos ministeriais, escolas, universidades e outras instituições. O país é que não estava preparado para eles, porque se habituou aos esquemas, compadrios e outras facilidades para a promoção de muitos quadros.