Plano do Pentágono de realocar militares na Europa “não foi particularmente bem pensado”

Plano do Pentágono de realocar militares na Europa “não foi particularmente bem pensado”

O Comité de Serviços Armados da Câmara (HASC, na sigla em inglês) dos EUA questionou uma proposta do Pentágono de retirar 11.900 militares da Alemanha, 6.400 dos quais regressariam aos Estados Unidos, e os restantes seriam realocados para a Bélgica e Itália, relata a revista Military Times. Na opinião de alguns, o plano apenas vem ao encontro da retórica do presidente norte-americano de “punir” Berlim por não cumprir a sua meta não vinculativa de contribuir com 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para a OTAN.

“Acho que este plano não foi particularmente bem pensado e me preocupo com vários aspectos da sua implementação”, afirmou o representante Adam Smith, presidente do HASC. “De onde veio o número?”, perguntou Smith, questionando que requisito é cumprido ao transferir 12.000 soldados para fora da Alemanha.

Segundo o autor do plano, o secretário de Defesa, Mark Esper, procura redistribuir tropas pelo continente europeu de forma rotativa, ao mesmo tempo que as tropas existentes se concentram em países ao Leste da Alemanha e próximos da Rússia para impedir “incursões” de Moscovo perto das suas fronteiras ocidentais. No entanto, a política adoptada pela administração Trump pode não se concretizar se o presidente norte-americano não for reeleito.

Michèle Flournoy, ex-sub-secretária de Defesa sob a administração Obama e provável escolha de Joe Biden para secretária de Defesa caso alcance a vitória nas eleições presidenciais, crê que o plano não foi pensado em conjunto com os aliados dos EUA.

“Este é um caso exemplar que deveria ser ensinado em programas (de relações internacionais) de como não tomar uma decisão como esta. Sem consulta com o seu aliado (…) sem análise estratégica real das alternativas. Isto foi um impulso presidencial”, criticou na Quarta- feira (30). Outra justificativa Numa questão de Smith, James Anderson, sub-secretário interino de Defesa, respondeu que o modelo oferecido proporciona “flexibilidade”. “Flexibilidade soa como uma palavra agradável, mas, na verdade, não nos diz nada”, respondeu Smith.

“Estou realmente a ter um problema em entender as razões e se isso vai resolver um problema, que eu não acho que exista”, ponderou Jim Langevin, outro membro da Câmara dos Representantes. “Na verdade, eu acho que isto vai criar mais problemas do que qualquer coisa que vai resolver.” A Câmara dos Representantes e o Senado dos EUA estão a discutir a Lei de Autorização de Defesa Nacional de 2021.

A versão da Câmara inclui uma provisão para proibir a administração de baixar os níveis das tropas abaixo dos níveis actuais até 180 dias após os líderes do Pentágono apresentarem um plano ao Congresso e certificarem que ele não prejudica os interesses dos norte-americanos ou aliados. O plano de realocar tropas da OTAN para fora da Alemanha foi proposto pela primeira vez por Mark Esper no final de Julho.