Carta do leitor: A covid-19, as crianças e o diálogo

Carta do leitor: A covid-19, as crianças e o diálogo

Aquando do surgimento dos primeiros casos de Covid-19 em Angola, seguido do primeiro Decreto Presidencial, referente ao momento que se vive, quase todos os serviços f i c a r a m entorpecidos. Após seis meses, boa parte dos mesmos tem estado a voltar ao curso, com a obrigação de obedecerem às regras exigidas. Dentre vários serviços, constam os de ensino presencial, cujo início se deu no dia 05 do corrente mês, com vários desafios a enfrentar. Dentre os desafios, consta o distanciamento dos alunos nas turmas, o uso obrigatório dos meios de biossegurança, incluindo a água corrente que há muito tem sido um calcanhar de Aquiles para determinadas escolas, com principal realce às escolas públicas, sem descurar a s Universidades e/ou Institutos Superiores.

Ora, nesta missiva, apraz-me falar principalmente das escolas primárias, por serem as que suportam um número considerável de crianças. É sabido que o ensino em Angola é maioritariamente suportado por instituições privadas (colégios). Assim como também é sabido que muitas destas, não apresentam sequer o mínimo de condições como as que são hoje exigidas. Diante desta realidade e porque o Ministério da Educação “exigiu” o regresso às aulas, vários encarregados foram chamados a colaborar com os bens de que dispõem, no sentido de não colocar os filhos e/ou educandos em perigo. Apesar do convite não ser abraçado por todos, alguns aceitaram.

Mais do que contribuir com os bens ou materiais de biossegurança como o álcool em gel e não só, alguns têm contribuído com ideias e informações. Têm mantido um diálogo acérrimo com as crianças. O resultado tem s ido observado no comportamento de muitas delas. Como é óbvio, não tem sido em todas. Algumas têm deixado a desejar. Por parte da escola, como é o caso da escola em que colaboro, o diálogo, as informações sobre os cuidados a se ter neste momento não têm faltado. O que tem se notado é que, no interior da instituição elas cumprem, mas fora dela não. Muitas são as crianças que, ao saírem da escola, tiram as máscaras, aglomeram-se e fazem de tudo um pouco, sinal de que os encarregados precisam dialogar mais, no sentido de facilitar o trabalho e evitar possíveis contágios. É preciso dialogar..

POR: Valentino Frederico,
estudante de Psicologia do
Trabalho e das Organizações.