A era da ideias

A era da ideias

Os políticos que mandam, a cada momento da história, foram emergindo de diversas classes e estratos sociais, de acordo com a importância específica que cada um desses grupos de pessoas teve ao longo da história.

Primeiro os Nobres, com a bênção de Deus, donos da terra; depois a burguesia que emprestou dinheiro à Nobreza que assim perdeu as terras; depois, de novo a burguesia desta vez pegando tudo, em nome do povo. Logo que o dinheiro saiu do bom metal e chegou ao vil papel — as falsas notícias não são só de hoje — ficou mais fácil compreender o mundo, o poder e sobretudo os políticos.

Na Europa que conta muita história isso foi bem claro. Imediatamente a seguir à revolução francesa, depois que as cabeças começaram a cair dentro de cestos — e a Líberté se juntou com a egalité e a franernité, e o senhor rei Luís Dezasseis e a menina Antoinette sucumbiram à força sem calcinhas nem collants dos sans-coullotes, — tudo mudou no trio eletrizante da democracia.

Desde então a realeza não teve mais poder e apenas foi uma gente decorativa. Hoje nenhum rei ou rainha chega perto do poder que Jô Soares teve durante décadas na Globo.

De Isabel de Inglaterra até Felipe de Espanha, para falar apenas das maiores casas reinantes europeias, que monarcas — homens e mulheres — são apenas símbolo e identidade convenientes. Nada mais.

Resumindo, assim que a revolução industrial jogou o povo na rua deixou de ser possível recorrer para os tribunais de Deus, em todas as nações da terra e as corporações tomaram conta do poder. Para sempre.

Angola não foi exceção e, desde que a independência se instalou nos nossos corações e os pulas foram devolvidos ao futuro que teimavam em não compreender, foram as profissões a mandar.

Existiu um tempo de guerra e agora outro de democracia. Um tempo de generais e outro de tribunos. Um tempo de engenheiros outro de economistas, e até minutos de moleques, segundos de garotinhos e eternidades de “aspones”.

Até que na última década, encontrámos uma nova ditadura: a dos inovadores — uma gente capaz de transformar ideias em dinheiro mudando a sociedade a cada instante, acabando com o homem do meio, e mudando tudo. Até Deus. Estava escrito que era das aplicações seria a última na cadeia do progresso. Mas nos enganámos.

Mas antes que Zuckerberg ou Bezos se pudessem candidatar à Casa Branca um vírus misterioso zerou tudo e a próxima geração do poder será aquela capaz de articular as anteriores. A que é capaz de fazer network com os melhores e onde as boas ideias como nunca um lugar de destaque.

POR: José Manuel Diogo