Carta do leitor // O ano de cão

Carta do leitor // O ano de cão

Ilustres votos de muito bom dia!
Quem sobreviver ao ano de 2020, agredido copiosamente pela pandemia e as suas consequências, tem todo o direito de festejar como puder. Não tem sido fácil todos os santos dias recebermos notícias de amigos que partiram e figuras públicas que tomaram o mesmo destino.
Não tenho memória de ter assistido um ano em que a morte não conhecesse limites como neste. Não me lembro de em poucas sentadas, quase que dia sim, dia não, ser obrigado, através dos órgãos de comunicação, ao anúncio e as notas fúnebres. Está demais.

Acreditamos que não estamos ao nível do colapso que se abateu sobre determinados países, em que valas comuns foram abertas para sepultar os seus mortos, mas ainda assim não queremos. Não queremos mesmo. Se, por um lado, os que sobreviverem poderão festejar, por outro espero que depois disso as igrejas e outras agremiações possam realizar determinados actos para que nos possamos despedir convenientemente dos nossos amigos e familiares. Que nos perdoem os puritanos ou aqueles que pensam o contrário, porque temos os nossos próprios
hábitos e costumes nestes momentos.

Do mesmo modo que para a religião é permitido que se realizem as missas, aos demais, incluindo ateus que lhes seja permitido fazer o habitual ‘komba’.