Quarto Símbolo Nacional na Forja – a Língua

Quarto Símbolo Nacional na Forja – a Língua

Por: António Kutema

O que será de um povo, que se diz ser povo, sem uma língua que o caracteriza, senão um amontoado de folhas que se quer chamar árvore? Para diferenciar um povo de outro, existem elementos peculiares e distintivos. Nesses elementos destacam-se a língua, hino nacional, a bandeira, a insígnia e os hábitos e costumes. Ou seja, o elemento distintivo é a identidade. Assim, a identidade é entendida como conjunto de carácteres próprios e exclusivos com os quais se podem diferenciar pessoas, animais, plantas e objectos inanimados uns dos outros, quer diante do conjunto das diversidades, quer ante seus semelhantes.

Desta feita, a partir de uma língua é possível identificar marcas de um povo. Logo, a língua enquanto um fenómeno cultural estam
pa o rosto de um povo. A língua, pelo facto de ser um veículo da cultura, permite ao ser humano que exteriorize os seus afectos, medos e experiências e estabelece ligação entre os membros de uma comunidade linguística. Entretanto, a língua é um factor de unidade e, em Angola, em particular, a língua portuguesa foi adoptada como língua oficial com esse desiderato – unir o povo de Cabinda a Cunene.

Quanto aos Símbolos Nacionais, a lei n.º 14/18 de 29 de Outubro no seu artigo 3.º reza que “Os Símbolos Nacionais representam a independência, a unidade e a integridade da República de Angola, devendo ser respeitados por todos os cidadãos, instituições públicas e privadas”. A partir deste artigo da lei n.º 14/18 de 29 de Outubro, é possível identificar as palavras chave do significado dos Símbolos Nacionais – independência, unidade e integridade.

Assim sendo, se a variante do português angolano for reconhecida e com um estatuto próprio e adoptarmos as línguas angolanas de origem africana [tratadas como línguas nacionais] como co-oficiais, estaríamos diante de uma independência linguística – o que representa ainda uma miragem; então, podíamos explorar a língua como factor de unidade e de integração. É nesta conformidade que a língua surge como quarto Símbolo Nacional forjado pelo facto de ser um elemento de unidade, identidade nacional, integração e de convergência entre os angolanos de Cabinda a Cunene. Todavia, para o caso de Angola, ainda há ambiguidade em definir, politicamente, claro, o que é nacional e o que é regional.