Abel Chivukuvuku a caminho do Bloco democrático para cabeça de lista em 2022

Abel Chivukuvuku a caminho do Bloco democrático para cabeça de lista em 2022

Fontes do Bloco Democrático (BD) confidenciaram a O PAÍS que esta força política, integrada na coligação CASA-CE, está a renegociar com o político Abel Chivukuvuku o préacordo “engavetado”, há dois anos, que apontava a sua adesão a este partido

 

Depois do seu afastamento compulsivo da CASA- CE, em Fevereiro de 2019, pelos cinco dos seis líderes dos partidos políticos que constituem a coligação, como presidente do Colégio Presidencial, por alegada “quebra de confiança”, Abel Chivukuvuku era apontado como próximo ao Bloco Democrático.

A entrada de Chivukuvuku para o BD estava a ser negociada por altos responsáveis dos “independentes” da CASA-CE, em que se despontava o político Lindo Bernardo Tito, um dos seus confidentes. O objectivo era de que seria o cabeça de lista nas eleições gerais de 2022.

Entretanto, o secretário-geral do Bloco Democrático, João Baruba, contactado sobre o assunto, disse que, na reunião do Conselho Nacional, órgão deliberativo deste partido, realizada ontem, não foi discutida esta matéria. “Estamos surpresos se o senhor Abel Chivukuvuku será o cabeça de lista do Bloco Democrático”, disse, admitindo que talvez o assunto venha a ser apresentado por um grupo minúsculo que o domina, durante a Convenção Nacional, a decorrer de 23 a 24 de Abril do ano em curso, em Luanda.

A Convenção Nacional é o evento mais importante e mais alargado, onde são apresentados, analisados e discutidos todos os assuntos internos que regem a vida deste partido.Da parte da antiga comissão instaladora do PRA-JÁ Servir Angola, este jornal contactou o seu porta-voz, Xavier Jaime, e o assessor de imprensa de Abel Chivukuvuku, o jornalista Félix Miranda, respectivamente, sobre o assunto, mas não responderam às chamadas e nem às mensagens enviadas até ao fecho desta edição.

Ainda à volta da entrada nos independentes da CASA-CE, segundo tinha apurado este jornal, em Fevereiro de 2019, uma vez que se consumasse, haveria partilha ou concessões de alguns cargos. Segundo fontes internas do Bloco Democrático, estas alterações terão sido rejeitadas pelo “núcleo duro” desta força política, o que teria provocado a interrupção das negociações.

Reactivação das negociações

A reactivação das mesmas, segundo ainda as nossas fontes, aconteceram, de forma discreta, nos primeiros dias de Janeiro do ano em curso, na sequência de o Tribunal Constitucional ter rejeitado, definitivamente, a transformação do PRA-JÁ Servir Angola em partido político.

Com base no acórdão n.º 654, de 1 de Dezembro de 2020, mas publicado no dia 4, no seu sítio, este órgão jurisdicional determinava que aquela última decisão era irrecorrível, deixando sem alternativas aos mentores do projecto, sobretudo a Abel Chivukuvuku que ainda mantinha a “chama acesa” de legalizar o seu projecto político.

O Tribunal Constitucional alegou haver incongruência na documentação apresentada que, tecnicamente, chamou de “ documentação não conforme”, depois de várias rejeições, conhecidas genericamente por “chumbos”.

Com esta decisão inesperada, e depois de ter falhado uma coligação com a Aliança Patriótica Nacional(APN), de Quintino Moreira, o único partido extra-parlamentar deitou a toalha ao tapete, já que juridicamente nada mais podia fazer.

Cabeça de lista em 2022

Entretanto, vale recordar que Abel Chivukuvuku, dias depois de ter sido destituído da liderança da CASA-CE, tinha anunciado que seria cabeça de lista nas eleições gerais de 2022. Chivukuvuku fez este pronunciamento numa primeira reunião magna de membros “independentes” da CASA-CE, que, na altura, contou com a presença dos ex-secretários provinciais, que tinham sido exonerados pela nova direcção que estava a ser liderada, provisoriamente, por André Mendes de Carvalho (Miau).

No seu discurso de mais de 30 minutos, neste encontro que serviu para avaliar o presente e perspectivar o futuro da CASACE, fundada por si, Chivukuvuku acusou o Tribunal Constitucional de ter rompido com esta coligação por não ter reconhecido os “independentes”.

“Não somos nós a ruptura. Nós é que fomos rompidos pelo Tribunal Constitucional”, sublinhou, na altura, acrescentando que, apesar desta situação, iria trabalhar para concorrer, ganhar as eleições e formar o novo Governo em 2022.

Uma fonte deste jornal, familiarizado com o assunto, tinha dito que o político se referia ao Bloco Democrático(BD) com o qual se tinha reunido no dia 9 de Fevereiro de 2018. A mesma acrescentava que ele seria o cabeça de lista do Bloco Democrático, partido que continuará nesta coligação até finais de 2021, altura em que se desmembrará, transformando-se em “Novo Bloco Democrático (NBD) ”, para, posteriormente, concorrer isolado da coligação, em 2022, nas Eleições Gerais. Esta informação nunca foi confirmada e nem desconfirmada pelo próprio Abel Chivukuvuku.

Novo Bloco Democrático

A escolha de Abel Chivukuvuku para liderar o “NBD”, em substituição de Justino Pinto de Andrade, passa pelo reconhecimento do trabalho desenvolvido na CASA-CE, com realce pela obtenção de 18 deputados, em dois pleitos eleitorais (2012-2017), segundo a fonte deste jornal.

Segundo ainda a mesma fonte, entre os pontos debatidos, naquela reunião de 9 de Fevereiro, ficou assente que, após à integração dos “independentes”, o novo secretário-geral do BD sairia deste grupo, enquanto o actual passaria para adjunto. Ficou, também, decidido que, com base nos estatutos do Bloco Democrático, artigo 21.º, deveria ser convocada uma Convenção Nacional extraordinária para a eleição de todos os órgãos de direcção e homologar as linhas pragmáticas e ideológicas.