A afirmação é do economista Zeferino Venâncio, para quem esta aliança entre os países africanos poderá contribuir para a sua autossuficiência, particularmente com a produção local de alimentos. Entretanto, apela para a inserção gradual de Angola pelo facto de estar em jogo a competição entre países mais avançados do ponto de vista industrial
Zeferino Venâncio entende que a entrada em funcionamento da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) pode impulsionar as empresas angolanas a tornarem-se grandes produtoras e exportadoras de bens e serviços. “Aliás, a aposta do Executivo na actual conjuntura económica está consubstanciada na substituição das importações e o incentivo às exportações.
Temos uma oportunidade para começar a diversificar a nossa economia”, frisou. O economista diz que, a par da produção suficiente para consumo interno, os olhos dos empresários angolanos devem estar virados para o mercado da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), com mais de 300 milhões de consumidores, um potencial que, para o interlocutor, pode ser aproveitado pelos angolanos numa segunda fase.
Cautela
Apesar das vantagens, Zeferino Venâncio apela para uma inserção gradual de Angola e com cautela, pelo facto de estar em jogo a competição entre países mais avançados do ponto de vista industrial, com a África do Sul na dianteira, e os que começam a dar os primeiros passos.
O também docente universitário refere que Angola tem o inconveniente de, durante muito tempo, ter apostado apenas num único produto para gerar receitas à sua economia, o petróleo, e precisa de andar com maior celeridade para alcançar os países vizinhos, cuja industrialização já se encontra em fase de maturação.
Justifica ainda a necessidade de inserção faseada com o facto de a ZCLCA estipular o desagravamento à quota zero de mais de 80% dos bens e serviços importados. “Sabendo que a nossa balança comercial é deficitária, comparativamente a dos países da região, se essa adesão não for cautelosa pode piorar ainda mais o défice da nossa balança comercial”, explicou.
Por isso, recordou que o Executivo já não poderá contar com as receitas alfandegárias provenientes de produtos que estarão desagravados.
Impactos na cesta básica
Zeferino Venâncio analisou também o impacto da adesão nos produtos da cesta básica que os tornará mais baratos, pois os importadores ver-se-ão livres dos impostos e com custos menores, que se refletirão no preço de venda final aos consumidores.
Porém, os empresários nacionais sentirão maior concorrência e dificuldades para se equipararem aos seus colegas estrangeiros em virtude de os angolanos produzirem ainda com recurso a meios alternativos, como geradores e águas de cisternas, por exemplo.
“Isto representa custos suplementares para o nosso produtor, daí a necessidade de se implementar medidas que os ajudem, paulatinamente, com créditos bonificados, isenções de impostos e subsídios à exportação”, explicou.