China despede-se de Mike Pompeo dizendo que é um “palhaço mentiroso”

China despede-se de Mike Pompeo dizendo que é um “palhaço mentiroso”

A horas de Mike Pompeo deixar o cargo de secretário de Estado dos EUA, o governo chinês acusou o responsável de “mentir descaradamente” ao considerar, num documento oficial, que o regime cometeu crimes contra a humanidade no que considera ser uma repressão e um “genocídio” dos muçulmanos uigures, na região de Xinjiang. Recusando essa acusação, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês asseverou, citado pela Reuters, que Mike Pompeo “disse tantas mentiras ao longo dos últimos anos e esta é apenas mais uma das suas mentiras descaradas”. Pompeo é, atira o governo chinês, “um político norte-americano que é conhecido pelas suas mentiras e trapaças” e, com esta declaração, “afirmar-se como um objecto de chacota e um palhaço”.

Além das críticas a Pompeo, a China enviou uma mensagem potencialmente mais consequente, nesta fase, ao seu sucessor, Antony Blinken, que na Terça-feira disse que Pompeo e Trump tinham agido bem em adoptar uma postura rígida em relação à China nas questões relacionadas com direitos humanos. A China há muito que rejeita as acusações, mesmo quando as Nações Unidas estimaram que havia pelo menos um milhão de uigures detidos em campos de concentração.

Além disso, como revelou a Associated Press em Junho, o governo chinês está a adoptar medidas drásticas para reduzir as taxas de natalidade entre membros da minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur, enquanto incentiva casais da maioria Han a terem mais filhos. A China é acusada de manter detidos cerca de um milhão de uigures em centros de doutrinação política em Xinjiang. Especialistas consideram que a campanha dos últimos quatro anos constitui um “genocídio demográfico”. O Estado submete regularmente mulheres de minorias étnicas a testes de gravidez e força dispositivos intrauterinos (DIU), esterilizações e até abortos em centenas de milhares, segundo a AP.