A ministra de Estado para Área Social, Carolina Cerqueira, afirmou ontem, em Luanda, ser um grande desafio aumentar a participação das mulheres nos processos de paz e de segurança como intervenientes de pleno direito
A governante sustentou que as questões referentes à paz e à segurança constituem pedras basilares para o desenvolvimento sustentado, a equidade e a justiça social.
Falando, por videoconferência, na abertura da Mesa Redonda sobre a Participação das Mulheres nos Processos de Manutenção da Paz e Resolução de Conflitos, acrescentou que os governos de todo o mundo estão mais do que nunca empenhados nas iniciativas em prol da paz, da segurança, da democracia, da acção humanitária e de iniciativas voluntárias em defesa dos direitos humanos.
“Este ano comemora-se num ambiente extremamente preocupante a avaliação da aplicação pelos Estados-membros da resolução do Conselho de Segurança N.º 1325 sobre Mulheres, Paz e Segurança em que a pandemia aumentou os desafios para a paz e a segurança em contextos de grande aumento de carências humanitárias”, disse.
Carolina Cerqueira revelou que tornam-se mais visíveis, no continente africano, as ligações entre os conflitos e as fragilidades, com o crescimento da proliferação de grupos armados, uma maior regionalização e ligações com interesses criminosos e extremistas.
Denunciou que esses grupos armados têm afectado profundamente a estabilidade social, salientando que, com o aumento dos conflitos armados, dobram as necessidades alimentares e os países menos desenvolvidos mergulham num “ciclo vicioso com proporções imprevisíveis”.
Citando estudos do Banco Mundial, Carolina Cerqueira disse que em 2030 estima-se que dois terços das pessoas extremamente pobres viverão em países frágeis ou afectados por conflitos.
“Nunca é demais sublinhar que a crise global da Covid-19 agravou a situação existente e a pobreza extrema aumentou a nível mundial e a contração económica em ambientes frágeis e afectados por conflitos poderão lançar de 18 a 27 milhões de pessoas na pobreza extrema.
Segundo ainda a ministra de Estado para Área Social, a participação das mulheres na força de trabalho, um factor chave para o crescimento inclusivo, retrocedeu em décadas.
Construção da paz
Sobre esta matéria, atendo-se às declarações da governante, as mulheres devem ter um papel cada vez mais presente, activo e reconhecido, salientando que a construção da paz e da segurança sob uma perspectiva de género ainda é limitada.
“Constitui um dos desafios dos processos de construção, prevenção e manutenção da paz o aumento da participação feminina”, declarou.
Vítimas de guerra
Observou que durante décadas as mulheres estiveram associadas unicamente como vítimas das guerras, porque eram e ainda são marginalizadas em assuntos de política e processos diplomáticos.
Durante esse tempo todo, as mulheres foram também alvos de violação dos Direitos Humanos e abusos sexuais, além de serem manipuladas como armas de guerra.
“Embora paradoxalmente sejam sempre as mulheres as mais propensas a rejeitar a guerra, são elas, conjuntamente com as crianças, as que mais sofrem as consequências negativas dos conflitos armados”, afirmou.
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