Ilda, a primeira angolana vacinada contra a Covid-19

Ilda, a primeira angolana vacinada contra a Covid-19

“Estou muito feliz por ser a primeira angolana a apanhar a vacina contra o Coronavírus”, afirma a enfermeira Ilda da Silva, de 35 anos, que teve este privilégio por estar a trabalhar na linha da frente do combate a esta pandemia no Brasil, onde se encontra a fazer a formação superior. O Plano Nacional de vacinação contra a Covid-19, aprovado em Conselho de Ministros, prevê o arranque da vacinação em Angola no próximo mês

 

Desde Quarta-feira, 20, que a jovem angolana integra o grupo de cidadãos que carregam no seu organismo a tão ambicionada CoronaVac, vacina contra a Covid-19 da farmacêutica Sinovac.

Ilda da Silva afirmou a OPAÍS, um dia depois de ter tomado a primeira dose desta vacina, estar esperançosa de que tudo corra bem e que a mesma possa chegar a todo mundo. Garantiu que não teve nenhuma reacção adversa, porque tudo correu bem , razão pela qual no dia 16 de Fevereiro vai tomar a segunda.

“A vacina não doeu e até ao momento não estou a sentir nada de anormal. São duas doses. O prazo é de 10 dias para os anti-corpos começarem a fazer efeitos. Na verdade, são anti-corpos que deixam o organismo mais forte para o combate contra o Coronavírus”, explicou.

Questionada sobre algumas informações que dão conta de que existem pessoas não acreditam nas vacinas, devido o número de mortes, Ilda da Silva defende que se deve acreditar nelas por serem a única solução para pôr fim a essa pandemia.

“Essa é uma ponte de esperança. Estou na torcida para que em breve chegue aos meus irmãos aí de Angola. Eu apanhei a vacina porque estou a trabalhar na linha da frente, na área de enfermagem. Não parei e não fiquei em isolamento. Tive de sair sempre que necessário de casa. Estamos na luta. Que tudo dê certo e que corra bem”, disse.

“Não podemos perder as esperanças”

Apesar de a vacina ser numa primeira fase para as pessoas que estão na linha da frente e idosos, Ilda da Silva disse ser um bom começo, uma vez que esse vírus já levou muitas vidas. “Não podemos perder as esperanças de que dias melhores virão. Eu vim para estudar no Brasil e me formei em Recursos Humanos. Fiz pós-graduação em Psicologia Organizacional. Também me formei na área da saúde, onde trabalho há 4 anos”, detalhou.

Aproveitou a ocasião para alertar que, apesar de a vacina ter chegado ao pessoal de enfermagem, não significa que está segura, por isso vai continuar a cumprir as medidas de biossegurança.

“Mesmo que pegue o vírus, o meu corpo está preparado para combater porque tem anti-corpos suficientes”, frisou, sublinhando que a vacina poderá diminuir muito a aglomeração nos hospitais.

Do Huambo para o Brasil

Ilda Henriqueta da Silva nasceu na província do Huambo, há 35 anos. Porém, no período pós-guerra migrou para Luanda, instalando-se no Bairro Popular até ao final do ano de 2013.
Fez os estudos primários na escola Che Guevara, no Bairro Popular, o ensino médio no Colégio Alpega e frequentou dois anos o curso de Recursos Humanos na Universidade Lusíada de Angola.
Em 2014 surgiu a oportunidade para ir estudar ao Brasil e aproveitou. Concretizou o sonho de ser técnica superior de Recursos Humanos, ao concluir a formação na Faculdade Celso Lisboa. A busca por conhecimento levou-a a fazer uma pós-graduação em Psicologia Organizacional na Universidade Estácio de Sá.
Depois disso, começou a trabalhar num abrigo de idosos, na área de psicologia, mas como não conseguia atendê-los melhor decidiu aprender mais. Fez o curso de enfermagem e actualmente trabalha como enfermeira. Ela vivia no Rio Janeiro com os filhos, um casal, sendo um de 11 e outro de sete anos de idade.
Desabafou que não tem sido fácil ter de viver em confinamento, por estar impedida de conviver com parentes e amigos em consequência da pandemia.