É de hoje… Luanda (in)segura

É de hoje… Luanda (in)segura

Quem na década de 80 habitou por Luanda e arredores deve ter ouvido, seguramente, falar sobre o propalado grupo ‘Caixão Vazio’. Sem nunca alguns terem visto sequer, a fama originada pela própria população fez com que quase todos os bairros da capital se falasse da sua existência e das atrocidades que supostamente realizavam. Dizia-se que era um grupo que matava as pessoas sem piedade. Esquartejava partes importantes do corpo humano, para fi ns, na altura, inconfessos.

Houve quem dissesse que havia uma predileção pelos seios das senhoras. Só eles saberão a razão desta escolha, a julgar pelos relatos que regularmente nos chegaram enquanto mais novos. Até hoje, são poucos os que confi rmam ter visto ‘in loco’ as façanhas de grupos como Caixão Vazio e outros. Mas, ainda assim, a informação corria tão rápida, o que obrigava com que muitos redobrassem a segurança e outros vivessem aterrorizados só de pensar que poderiam cruzar com os integrantes desta suposta milícia. Naquela altura, não havia facebook, instagram, badoo ou watsap, a força das redes sociais estava no boca-a-boca, o que não impossibilitou que a mensagem circulasse e atingisse partes signifi cativas da própria capital.

O temor atingia empresas e outras repartições públicas. Em muitas escolas bastava que um único aluno ou estudante berrasse ‘Caixão Vazio’ para que se instalasse o pânico e um autêntico salva-se quem poder. Foi assim no Cazenga, Rangel, Sambizanga e outros municípios de então. Alunos não se importavam de saltar de um primeiro ou segundo andar.

O mais importante era salvar a pele, mesmo sem certeza de que o tal grupo existia mesmo. Hoje, há quem ainda conserve sequelas daquela época. Mudaram-se os tempos, as tecnologias, aumentou-se o conhecimento e também as novas formas de crime. Luanda está, por estes dias, amedrontada por causa do desaparecimento de várias pessoas, muitas das quais em circunstâncias estranhas. Pessoas que vão aos locais de trabalho e não regressam.

Jovens que se deslocam apenas ao portão e somem de forma abrupta e supostos homicídios com práticas horrendas que vão aumentando o clima de insegurança entre os populares. As redes sociais transformaram-se em palco de anúncio destes desaparecimentos. Ao mesmo tempo, por falta de um fi ltro e de mecanismos que possam separar as fakenews das verdadeiras informações, tudo está a ser consumido. A Polícia deve vir a público explicar o que se está a passar para que as pessoas se previnam e o pânico não seja generalizado.