“Gang” da Ghassist ganhava até 3 milhões de Kwanzas por cada retirada de cocaína do Aeroporto

“Gang” da Ghassist ganhava até 3 milhões de Kwanzas por cada retirada de cocaína do Aeroporto

Mais de 3 milhões de Kwanzas é o montante que alguns dos oito funcionários da empresa Ghassist, envolvidos no esquema de retirada de cocaína do interior das aeronaves provenientes do Brasil para o exterior do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, chegavam a ganhar por cada operação

O valor acima mencionado era atribuído ao chefe de turno dos motoristas da Ghassist, dependendo da quantidade do estupefaciente que chegava ao território nacional, revelou ontem, em Luanda, o director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa (GCII) do SIC geral, Manuel Halaiwa.

Os restantes membros do grupo, entre motoristas de autocarros da placa e de rampa e operadores de limpeza de interiores de aeronave, eram pagos conforme a sua participação. Por exemplo, quem fez a remoção do balde de lixo, recebe 300 mil Kwanzas.

“Até o facto de ter ouvido a conversa relacionada (com a operação) recebe 100 mil Kwanzas”, detalhou o oficial do SIC.

Além dos oito cidadãos, dos quais cinco motoristas de autocarros (da placa e de rampa) e três operadores de limpeza de interiores de aeronave, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) deteve um outro membro do grupo, apontado como sendo a pessoa que se dedicava a venda do produto.Manuel Halaiwa esclareceu que os supostos infractores, com idades compreendidas entre os 29 e 45 anos, foram detidos em flagrante com 6 Kg e 834 gramas deste estupefaciente proveniente do Brasil.

O desmantelamento da “gang” ocorreu na sequência de um trabalho operativo realizado por peritos da Direcção Central de Combate ao Narcotráfico e o Departamento de Investigação Criminal do Aeroporto Internacional de Luanda, no período de 13 de Dezembro do ano passado à presente data.

Tudo começou com um trabalho operativo desenvolvido por operacionais do SIC, com vista a desvendar como é que a droga estava a entrar mesmo com fortes medidas de segurança no recinto aeroportuário. No decorrer dos trabalhos, detiveram em flagrante delito um cidadão a vender 222 gramas de cocaína, através desde chegaram à “gang” bem instalada no aeroporto de Luanda.

“Mediante um trabalho aturado de inteligência criminal foi possível detectar e determinar que os funcionários de limpeza e motoristas são os que se encarregavam de retirar das aeronaves as sequetas de droga, devidamente camufladas e envolvidas em lixo nas casas de banho. Posteriormente as mesmas eram levadas para o exterior do Aeroporto e entregues aos receptores e, estes, aos mandantes que, por sua vez, alimentam o tráfico de droga”, detalhou Manuel Halaiwa.

O director do GCII do SIC geral explicou que o esquema começava a partir de Guarulhos, em São Paulo, de onde a droga era transportada por “mula” (pessoa contratada estritamente para o efeito). Para passarem pelas autoridades aeroportuárias brasileiras, a droga era transportada de forma dissimulada em cintas estéticas femininas. Esta recebia a garantia de que não teria necessidade de passar com a mercadoria pela revista do aeroporto, bastando para o efeito, minutos antes de o avião sobrevoar o espaço aéreo nacional, esconder a droga nos lavabos ou nos outros compartimentos móveis que compõem a casa de banho.

Assim que o avião estacionava na pista, entrava em cena uma outra equipa, constituída pelos funcionários da Ghassist, orientada pelo principal mentor da equipa, com a missão de retirar a droga do esconderijo e fazer chegar ao seu comparsa que ficava no exterior do Aeroporto Internacional.

“É um dos funcionários de limpeza que, orientado pelo chefe de turno dos motoristas, assegura a saída do lixo do avião e transporta para fora do aeroporto”, frisou Manuel Halaiwa. Os detidos já foram ouvidos em primeiro interrogatório pelo Ministério Público que manteve as suas detenções.

“De salientar que diligências prosseguem para determinar e deter outros envolvidos nesta rede internacional de tráfico de drogas, com ramificações nas Repúblicas Federativa do Brasil, de Angola, Democrática do Congo, de Portugal, entre outros países”, frisou.

Ghassist

A Ghassist é uma empresa nacional fundada em 1997, considerada líder local de serviços de assistência em escala (Ground Handling).

A empresa apresenta-se no seu portal como detentora de uma frota de equipamentos diversos, tecnologia de ponta e mais de 900 colaboradores qualificados.

“A Ghassist oferece um leque vasto de serviços de assistência em escala, em conformidade com os rigorosos padrões internacionais de qualidade”, garante.

Dez anos depois da sua fundação, passou a prestar serviços em alguns aeroportos provinciais, nomeadamente em Cabinda, Ondjiva (Cunene) e Lubango (Huíla).