Associação de utilidade pública na agenda de antigos alunos da “Ex-Casa dos Rapazes de Luanda”

Associação de utilidade pública na agenda de antigos alunos da “Ex-Casa dos Rapazes de Luanda”

O papel social e cultural que a “Casa dos Rapazes de Luanda” desempenhou no país no passado, e o estado em que se encontra actualmente, motivou a promoção de um reencontro entre os ex-alunos, com vista a voltar a dar vitalidade a instituição, com a criação de uma associação de utilidade pública

Depois de se terem passado mais de quatro décadas, cerca de 30 antigos alunos da Casa dos Rapazes de Luanda reuniram-se neste Sábado, 30 de Janeiro, nas instalações onde funcionava a instituição, no bairro Palanca, com o objectivo de criarem uma associação de utilidade pública.

O reencontro dos ex-alunos da antiga Casa dos Rapazes de Luanda serviu não apenas para matarem as saudades de uns e outros, mas também para se ver a possibilidade da criação de uma associação de utilidade pública com vista à retirar das ruas, crianças desabrigadas para os dar formação técnica ou profissional para, posteriormente, ajudarem no desenvolvimento de Angola, tal como era feito até em 2004, ano em que a instituição fechou as portas, em detrimento do fim do convénio que havia entre a Igreja Católica, que detinha a gestão do internato, e o Estado angolano, tal como informou ao O PAÍS o último director que passou pelo internato, Eduardo Mabene.

De acordo com o porta-voz dos antigos alunos, o também músico, Nanuto, muitas grandes individualidades que temos hoje, passaram pela Casa dos Rapazes de Luanda. Portanto, precisamos fazer alguma coisa para que as gerações vindouras saibam a importância desta escola que hoje encontra-se abandonada”, justificou.

O músico informou ainda que foi na Casa dos Rapazes de Luanda onde aprendeu a tocar o saxofone, quando ainda tinha 7 anos de idade, e foi lá que muitos tornaram se grandes profissionais em áreas distintas, pois era uma obrigação aprender uma arte ou ofício.

Por seu turno, Jerónimo Soares, ex-aluno da casa e agora oficial da polícia, manifestou o seu descontentamento pelo estado em que reencontrou as infra-estruturas, assim como o facto de a instituição não ter mais a função que jogou no passado.

“É triste ver que, depois de se terem passado 45 anos, esta instituição esteja como está. Devia-se dar um outro tratamento, porque há muitas crianças nas ruas e essa grande escola, que formou grandes homens, podia servir para alguma coisa”, argumentou.

Próximos passos Além de tomarem contacto com o estado voltado de abandono em que se encontra a infra-estrutura, sem avançar datas concretas e passos subsequentes, este Jornal apurou que brevemente os ex-alunos voltam a se reunir para acções mais concretas face ao objectivo preconizado.

“Este foi um encontro piloto, mas o objectivo é precisamente voltar a dar o cunho social que esta casa desempenhou. Há já planificada uma comissão que se vai encarregar de dar os próximos passos e, tão logo tenhamos mais informações daremos a conhecer em tempo oportuno”, apontou Nanuto.

Entre os participantes, todos eles antigos alunos da instituição acima referida, estão destacados em várias da sociedade entre os quais com destaque para música, desporto, oficiais da polícia nacional e forças armadas, engenheiros, entre outros.

O final do reencontro foi marcado com uma recriação e um pé de dança à moda angolana bem como não faltaram os condimentos para o “funge” de Sábado.

Valdimiro Graciano