Noiva de Jamal Khashoggi exige punição imediata do príncipe herdeiro saudita depois de relatório americano

Noiva de Jamal Khashoggi exige punição imediata do príncipe herdeiro saudita depois de relatório americano

Depois do relatório dos EUA, Hatice Cengiz alerta: “É vital que todos os líderes mundiais se questionem sobre se estão preparados para apertar as mãos a alguém cuja culpa enquanto homicida foi provada”

A noiva do jornalista saudita Jamal Khashoggi, assassinado em 2018 por agentes da Arábia Saudita, exige que o príncipe Mohammed bin Salman seja imediatamente punido, depois de os Estados Unidos terem divulgado um relatório confidencial que confirma que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita não só sabia como aprovou pessoalmente o assassinato do jornalista.

“É essencial que o príncipe herdeiro, que ordenou o brutal homicídio de uma pessoa inocente, seja punido sem demoras“, disse a noiva de Khashoggi, Hatice Cengiz, numa mensagem divulgada pelo Twitter. “Não só isto trará a justiça que temos procurado para o Jamal, como poderá também evitar actos semelhantes no futuro. Só então as sanções que os EUA estão a planear implementar poderão ter significado. Se o príncipe herdeiro não for punido, isso dará um sinal para a eternidade que o principal culpado pode escapar-se à justiça depois de um homicídio, algo que nos porá todos em perigo e manchará a nossa humanidade.”

Hatice Cengiz lança também uma interpelação directa ao Presidente dos EUA. “A começar pela administração Biden, é vital que todos os líderes mundiais se questionem sobre se estão preparados para apertar as mãos a alguém cuja culpa enquanto homicida foi provada, mas ainda não foi punida. Ignorar este facto e manter-se num limbo sem punição vai levar-nos a perder os nossos valores universais da humanidade”, diz a noiva de Khashoggi.

A declaração de Hatice Cengiz surge depois de os Estados Unidos terem divulgado um relatório que prova que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita tinha conhecimento dos procedimentos usados no silenciamento de opositores do regime e aprovou a operação de assassinato de Jamal Khashoggi.

O saudita Jamal Kashoggi, 59 anos, residente nos Estados Unidos e cronista do jornal The Washington Post, foi assassinado no consulado do seu país em Istambul (Turquia), a 2 de Outubro de 2018, por agentes sauditas.

O Senado norte-americano, que teve acesso às conclusões dos serviços de informações, considerou na altura que o príncipe herdeiro era “responsável” pelo assassínio.

Riade inicialmente negou qualquer responsabilidade, mas mais tarde disse que o jornalista foi morto acidentalmente por agentes que tentavam extraditá-lo. A versão oficial da Arábia Saudita é que esses agentes, ligados a Mohammed bin Salman, agiram por conta própria e que o príncipe não esteve envolvido. Oito pessoas foram condenadas na Arábia Saudita pela morte de Khashoggi, cinco das quais à pena capital. Mais tarde estas sentenças foram comutadas para 20 anos de prisão.