Tribunal condena jovens que mataram funcionária da RNA a 20 anos

Tribunal condena jovens que mataram funcionária da RNA a 20 anos

A sentença do caso de que é vítima Alice Nádia Marcelino, jornalista da RNA morta à tiro, em casa, no dia 29 de Abril de 2020, após ter surpreendido dois cidadãos que tentavam roubar a placa electrónica da sua viatura, foi lida ontem. Três dos réus foram condenados e um absolvido

O Tribunal Provincial de Luanda, 1.ª Secção da Sala dos Crimes Comuns, leu a sentença do grupo de quatro jovens, acusados da morte de Alice Nádia Marcelino, funcionária da RNA.

O grupo de acusados é composto por António de Almeida, também conhecido por “Da Lua”, Evander Justo “MT”, Alison Manuel “Milibu” e José Nunda de Almeida – este último é tido pelos três outros como um desconhecido e que não devia estar a ser julgado pelo crime que vêm acusados, por não fazer parte da quadrilha.

Assim, António de Almeida, também conhecido por “Da Lua”, bem como Evander Justo “MT” foram condenados a 20 anos de prisão, enquanto Alison Manuel “Milibú” foi condenado a 16 anos de prisão. Os três terão de pagar um total de dois milhões de Kwanzas à família da vítima, bem como 40 mil de taxa de justiça.

Os réus vêm pronunciados e acusados pelos crimes de homicídio voluntário, posse ilegal de arma de fogo e associação de malfeitores. Embora os autos venham a pronunciar quatro elementos, apenas três têm ligação directa com o crime de que vêm acusados, faltando o jovem que supostamente fez os disparos, o Soba (que estava prófugo, mas o tribunal envidou esforços para o localizar e ouvir como declarante).

Ainda assim, o tribunal julgou quatro elementos, a contar com José Nunda de Almeida, este que, por não ter ficado provada a sua participação no crime, bem como a sua relação com os arguidos, o juiz da causa ditou a sua absolvição.

José Nunda de Almeida estava a ser acusado apenas do crime de associação de malfeitor, crime do qual o seu advogado, Damião Dombe, pediu que o absolvessem, por não existirem provas que o incriminem, porquanto este indivíduo não tem nenhuma relação com os outros réus e nem sequer os conhece.

O causídico alegou que o réu não fazia parte de nenhuma associação de malfeitores, pois apenas conheceu o jovem Soba, pelo facto de este ter concertado a sua motorizada uma única vez.

Autor do disparo será julgado noutro processo

No dia em que cometeram o crime de homicídio, António de Almeida, mais conhecido por Da Lua, de 22 anos, o pai de seis filhos, pertenceu à dupla que escalou o muro da casa de Alice, juntamente com o cidadão identificado apenas por Soba (até então prófugo), tendo este último transportado uma arma do tipo AKM, de cano serrado.

António de Almeida “Da Lua” disse que, tão logo partiu o vidro da viatura da jornalista, com uma vela de motor que transportava no bolso para este fim, a jovem apareceu na janela e o seu amigo, o Soba, terá deduzido que era um homem e que estava armado, por isso reagiu fazendo disparo.

O cidadão que, até então tem sido pronunciado como o autor do disparo que vitimou mortalmente a jovem Alice Marcelino, negou, em tribunal, tal autoria. Soba, como é conhecido pelos amigos, disse que não transportou a arma de fogo, pois, no momento do disparo, a mesma estava com o co-réu António de Almeida “Da Lua”.

Evânio António Adão Mangueira, mais conhecido por Soba, de 20 anos, foi ouvido na condição de declarante e disse que a arma estava com o seu comparsa Da Lua, e foi ele quem disparou contra a jornalista, tão logo se apercebeu de que ela estava na janela.

O juiz disse que este jovem, o Soba, que no processo foi ouvido como declarante, responderá pelo crime de homicídio e posse ilegal de arma de fogo, bem como associação de malfeitores, num outro processo que será aberto.