Cerca de 100 angolanos vacinados contra a Covid-19

Cerca de 100 angolanos vacinados contra a Covid-19

Angola recebeu, ontem, a primeira entrega de 624 mil doses, provenientes da AstraZeneca, no âmbito da iniciativa Covax, com objectivo de assegurar a distribuição equitativa das vacinas contra a Covid-19 em todo mundo. Entretanto, cerca de 100 cidadãos angolanos, dos quais enfermeiros, técnicos de diagnósticos, pessoal administrativo, médicos, polícias, idosos foram no mesmo dia vacinados pela primeira vez no país

Em declarações à imprensa, a ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, disse que Angola tornou-se, ontem, no terceiro país africano a ser escolhido para a entrega de vacinas, depois do Gana e Costa do Marfim, tornando-se no primeiro país lusófono a receber vacinas da iniciativa Covax.

Sílvia Lutukuta explicou que a iniciativa Covax prevê uma cobertura de 6.4 milhões de habitantes, começando pelos profissionais de saúde, professores, doentes com co-morbilidades e idosos, sublinhando que, em relação aos professores, começarão pelas classes mais baixas que é o pré-escolar, seguindo um programa.

“É muito importante termos recebido hoje as 624 mil doses de vacina da AstraZeneca que parte da iniciativa Covax. Nós só aderimos à iniciativa Covax em Julho do ano passado, trabalhamos com o nosso Plano Nacional de vacinação e há uma previsão de cobertura de 20 por cento da nossa população. Fundamentalmente pessoas de risco, com idade avançada, com co-morbilidade e o risco também de exposição”, explicou.

De acordo com a governante, a pressão internacional é muito grande, o que aumenta a procura, mas há uma previsão de pelo menos até Junho fazerem essa cobertura. “Nós vamos continuar a trabalhar e como Estado angolano temos iniciativas próprias para aquisição de vacinas e, por essa altura, só temos de estar felizes”, argumentou.

Apenas 53% da população pode ser vacinada

A princípio, prevê-se vacinar nas províncias de Luanda, Benguela e Cabinda por serem as províncias com maior número de casos e também com números de casos activos, nesta altura. Mas, o objectivo é vacinar o país inteiro.

Entretanto, cerca de 100 cidadãos angolanos, dos quais enfermeiros, técnicos de diagnósticos, pessoal administrativo, médicos, polícias, idosos, entre outros, foram vacinados pela primeira vez no país.

A ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, fez saber ainda que têm um plano bastante ambicioso, o de vacinar 53% da população, com idade igual ou superior a 16 anos, uma vez que a população angolana é bastante jovem e apenas esta percentagem se enquadra na faixa etária estudada para ser vacinada.

Contou que o resultado dessa doação não foi só o esforço do sector da Saúde, da Comissão Multissetorial, mas também houve um esforço diplomático muito grande. “Temos de realçar o papel do nosso Ministério das Relações Exteriores, que foi fundamental. Com a Covid-19 a diplomacia não é só económica, mas também é preciso muita diplomacia em saúde para conseguirmos atingir os nossos objectivos”, disse.

Em comunicado de imprensa conjunto da Organização Mundial da Saúde e parceiros estratégicos para o acesso equitativo à vacinação contra a Covid-19, sobre o início da campanha de vacinação, em Angola, Seth Berkley, CEO da Gavi, disse que a entrega de ontem aproxima-nos a mais um passo deste objectivo e é algo de que todo o mundo se pode orgulhar.

“Durante as próximas semanas, a Covax tem de entregar vacinas a todas as economias participantes para assegurar que os que correm mais em risco estejam protegidos, onde quer que vivam. Precisamos, agora, que os governos e as empresas confirmem o seu apoio a Covax e nos ajudem a derrotar este vírus o mais rápido possível”, disse.

Depósito Central de Vacinas com capacidade de mais de 75 milhões de vacinas

A primeira pessoa a receber a vacina da Covax no país é Amélia Pio do Amaral Gourgel, de 71 anos de idade, quadro do Ministério da Saúde, licenciada em Química. Em entrevista, contou que sofre de diabetes, mas que a vacina dá uma sensação de segurança e sente-se bem.

Já o chefe da direcção de Saúde do Estado-maior General, Alberto de Almeida, disse sentir-se satisfeito por estar a ver as vacinas a chegarem ao país, sendo que considera uma esperança para todos e, com a vacina, as pessoas ficarão imunizadas da doença e o país voltará à normalidade.

“Espero que o facto de estar aqui para ser vacinado sirva de exemplo e todos os meus colegas de saúde militar e civil venham fazer o mesmo, porque estamos na linha da frente, na ajuda daqueles que, infelizmente, apanham a doença e passam mal”, apelou.

A ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, também inaugurou ontem o Depósito Central de Vacinas, com uma capacidade de mais de 75 milhões de vacinas.

As vacinas foram recebidas ontem, no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro de Luanda, por vários membros do Executivo angolano, assim como como vários parceiros representantes de diversas entidades, como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da Organização das Nações Unidas (ONU), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da delegação da União Europeia e da Organização Mundial de Saúde (OMS), bem como a embaixadora da Índia em Angola.