Luísa Damião “Empoderamento da mulher contribuiu para redução da pobreza”

Luísa Damião “Empoderamento da mulher contribuiu para redução da pobreza”

Em entrevista à ANGOP, no âmbito das jornadas Março-Mulher, em alusão ao Dia da Mulher Angolana (02) e Dia Internacional da Mulher (08), Luísa Damião, vice-presidente do MPLA, afirma que a prioridade do seu pelouro é apoiar as famílias carenciadas e motivar as empresas, os empresários e cidadãos, para se colocar a máquina económica em funcionamento. Entre as muitas questões abordadas ao longo da conversa, a dirigente do MPLA, que se considera uma cidadã profundamente comprometida com a justiça e a solidariedade, fala de inclusão social, justiça, desenvolvimento e democracia

Esta entrevista enquadra-se no âmbito do Março Mulher e por isso a primeira questão que lhe coloco é a seguinte: Como olha para as políticas do Governo referentes às mulheres e às meninas?

Pensamos que a perspectiva do Governo tem sido positiva, sobretudo por ter como pilar o exercício pleno dos direitos, garantias e liberdades fundamentais das mulheres e meninas. Tem sido positiva, também, pelo facto de encarar o cidadão e as famílias como os mais importantes activos do país. Assim, cuidar da formação, capacitação e do empoderamento, em suma, do desenvolvimento integral das mulheres e das meninas e olhar para a melhoria da sua vida torna-se condição primária para uma Angola mais desenvolvida, democrática e inclusiva.

A aposta deve ser sempre focalizada na família. A família deve continuar a ser o núcleo principal da nossa sociedade, devendo ser o reduto do amor, da fraternidade e da paz, bem como da preservação e do reforço dos valores éticos, morais e culturais angolanos.

Como vice-presidente do MPLA, tem uma agenda especial ligada à igualdade de género e ao empoderamento da mulher?

Sendo mulher e mãe, naturalmente que dedico especial atenção às questões do género, sobretudo aos casos de violência doméstica, à educação e sensibilização na área da saúde sexual reprodutiva, igualdade de oportunidades, a todos aspectos da vida social e económica, e ao apoio específico à mulher rural.

Advogo que só a educação e a cultura, no seu sentido mais lato, podem ser as chaves para a resolução dos problemas das mulheres, principalmente a nível do combate aos estereótipos e preconceitos com base no género. O foco não deve ser canalizado na mulher. O foco deve ser centralizado na mudança dos sistemas sociais, que não permitem que as mulheres capitalizem o manancial do seu potencial, em prol do bem comum.

Quer no Parlamento, enquanto deputada, quer nas vestes de dirigente do MPLA, assim como na qualidade de cidadã, tudo tenho feito no intuito da defesa dos direitos de cidadania das mulheres angolanas, bem como da salvaguarda da sua participação na vida política e no processo de desenvolvimento de Angola.

O Executivo tem estado engajado na implementação de políticas visando capacitar e apoiar a inserção das mulheres na vida económica activa. As mulheres são poderosas agentes da mudança. Empoderar uma mulher é contribuir para a redução da pobreza no seio das famílias. Não existe melhor gestor de dificuldades, melhor gestor de expectativas do que as mulheres. Tal como educar uma mulher representa educar uma família, empoderar uma mulher é empoderar uma nação. Importa destacar, neste sentido, que mais de metade da população mundial são mulheres e o resto são seus filhos e dependentes.

Diz-se que as quotas são uma desculpa para se empoderar a incompetência. Quer comentar?

Penso que a questão das quotas é mais uma das muitas soluções políticas, sociais e culturais que os Estados encontraram, no sentido de se diminuírem as desigualdades seculares entre os géneros. A luta pela emancipação e empoderamento das mulheres é um processo e é reflexo do próprio processo de consolidação das democracias no mundo. Quanto mais consolidado for o Estado Democrático de Direito, maiores serão as possibilidades de se diminuírem as diferenças a nível da justiça social, direitos, garantias e liberdades fundamentais, entre os homens e as mulheres. A Organização das Nações Unidas instou os Estados membros a atingir a paridade do género, até 2030.

A luta pela igualdade entre os géneros é contínua, persistente e vitoriosa, porque as mulheres são seres talhados para a glória. A questão da igualdade de género radica numa sociedade cada vez mais justa e desenvolvida, cada vez mais democrática e inclusiva. Hoje, os países são avaliados em função da importância que conferem às mulheres. Nós não queremos ficar na cauda do comboio do desenvolvimento. Daí os avanços registados a nível da presença das mulheres no processo de decisão política e nos lugares-chave das lideranças. Foram feitos progressos a nível do poder legislativo, executivo e judicial. O próximo congresso da OMA e do MPLA vão conferir ainda mais poder às mulheres.

Hoje, as mulheres são a maioria em sectores-chave da vida social, política e cultural: na universidade, no sector da saúde, na economia informal. Com quotas ou sem quotas, as vitórias das mulheres resultam do seu esforço abnegado em prol da justiça social. Não conquistamos nada de mão beijada. Somos guerreiras, determinadas, dedicadas e resilientes. A mulher angolana conquistou, por direito próprio, o seu espaço na sociedade angolana.

POR: Maria Stella Silveira

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