Governo pretende que taxistas cresçam na cadeia de valor do negócio dos transportes urbanos

O ministro dos Transportes, Ricardo Viegas de Abreu, aconselhou os taxistas congregados na Associação dos Taxistas de Angola (ATA) a prepararem-se para explorarem a estrutura de negócios dos transportes urbanos, como uma forma de progressão da sua acção na cadeia de valor dos transportes

“Tem de haver esta predisposição de crescimento por parte dos nossos taxistas”, defendeu o governante no encontro formal realizado ontem.

Para o ministro, os taxistas, hoje unidos em associação de representação nacional, deviam pensar em criar cooperativas, através das quais podiam investir na compra de autocarros para o transporte urbano de passageiros, actividade sob tutela, neste momento, dos Governos Provinciais.

“Este movimento ajudaria a vencer a preocupação tanto com a empregabilidade, como com a segurança rodoviária, pois existe maior sinistralidade com actividade dos táxis colectivos e mototaxistas”, referiu. A cadeia de valor dos transportes urbanos em Angola compreende autocarros colectivos, táxis colectivos, gira bairros e moto taxistas.

A situação é agravada com a entrada, na actividade de táxis, de cidadãos que colocam as suas viaturas nas vias sem estarem licenciadas, bem como de detentores de transportes de viaturas de mercadorias que as transformam em meios de locomoção de passageiros.

Para reverter a situação, o Ministério dos Transportes, a nível institucional, produziu nova regulamentação sobre a actividade de táxis colectivos e dos mototaxistas, bem como tem procurado cooperar com os Ministérios da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS) e da Economia e Planeamento, quer para assegurar a profissionalização e formalização destas actividades, quer no sentido de garantir um sistema de previdência social para estes profissionais.

Os programas do Executivo, PREI – Programa de Reconversão da Economia Informal e PAPE – Programa de Aceleração e Promoção do Emprego, jogam um papel fundamental para estes objectivos, particularmente dando resposta aos anseios dos jovens que constituem a maior franja destes profissionais.

“No programa (PREI) julgamos que se pode integrar a vossa preocupação com a política de créditos, em modalidade especial”, disse o ministro.

“Em sede deste programa, promoveremos outros encontros convosco”, garantiu. Com efeito, a Associação dos Taxistas de Angola (ATA) entende que o Ministério dos Transportes pode, ao nível institucional, ajudá-la a estabelecer relacionamentos com as entidades de concessão de créditos.

“A nossa actividade insere-se no Sector dos Transportes, pelo que é com naturalidade que recorremos e solicitámos a audiência ao ministro”, disse o presidente da ATA, Rafael Inácio.

A ATA informou que muitos patrões perderam a capacidade de manter os empregos dos seus associados e que mais de 30 mil taxistas precisam de ajuda para se manterem em actividade.

“Nós não pedimos dinheiro ao Governo, apenas assistência para lidarmos com entidades bancárias que podem conceder créditos bonificados”, indicou Rafael Inácio. A ATA acredita que, com o crédito, muitos taxistas podem ser salvos e milhares de famílias auxiliadas.

“Em média, um táxi pode sustentar a vida a mais de 7 famílias, mas os patrões deixaram de investir em viaturas, entre os muitos factores, indicam a proibição de importação de viaturas velhas. Precisamos de ajuda. Reconhecemos também que é necessária a profissionalização da nossa actividade”, sublinhou Rafael Inácio.

O MINTRANS prometeu avançar com mais encontros de cooperação quer com a ATA, como com outros departamentos ministeriais. “Existe quase uma canibalização do sector dos transportes urbanos que é preciso inverter.

Para isso, convidamos os taxistas a reflectirem sobre a sua entrada formal na cadeia de valor. Pensem em trabalhar connosco num programa-piloto, por via do qual a actividade pode ser sustentável. Vamos envolver outros ministérios, o nosso Instituto Nacional de Transportes Rodoviários e outras entidades”, prometeu o ministro Ricardo Viegas de Abreu, ressalvando a necessidade de se reduzir substancialmente o número de sinistros dos associados com o objectivo de alcançar “Sinistralidade Zero”.