É de hoje…Empreiteiros

É de hoje…Empreiteiros

Já se perdeu a conta das ameaças feitas por determinados governantes sobre os incumprimentos das empresas de construção no país. Houve um tempo, quase que recitando uma passagem bíblica já formatada na memória de alguns, muitos apareciam perante as câmaras televisivas, microfones das rádios ou até mesmo nas manchetes dos jornais, dando como certo um possível controlo àqueles que não honravam com os compromissos assumidos.

A verdade é que se contam aos dedos os governadores ou administradores municipais que tiveram a coragem de levar para as barras dos tribunais alguns incumpridores.

Quando se observa por estes dias integrantes da Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE) a deterem agentes da Polícia Nacional e responsáveis de outros órgãos do Estado, alguns deles até por quantias que para a opinião pública se parece insignificante, do outro lado campeiam aqueles que ainda vão lesando gravemente os interesses do Estado.

Há alguns meses, apercebemo-nos de que uma empresa, cujo nome até era desconhecido para a direcção de uma escola em Luanda, desaparecera sem qualquer informação depois de ter vencido um concurso para a sua reabilitação.

Em declarações à Rádio Luanda, a própria administração desconhecia o paradeiro, assim como os proprietários. Até hoje, volvidos alguns meses, não se sabe sequer se os responsáveis de tal empresa terão dado a cara ou, no mínimo, devolvido o dinheiro que saiu dos cofres públicos.

Ontem, através da Rádio Nacional de Angola, uma outra informação semelhante. Desta vez, a partir de Cacolo, na Lunda-Sul, em que empresas contratadas para a reabilitação de 115 quilómetros de estrada e recuperação da rede eléctrica abandonaram as obras, depois de terem recebido cerca de 80 por cento do valor.

Outrora, em que não havia o combate à corrupção, era quase que aceitável observar este tipo de informações. Actualmente, não. Nem a brincar se pode permitir que se contratem empresas para iniciativas do género sem que se tenha uma informação real do contratado, ao ponto de, posteriormente, justificar o injustificável.

A forma como surgem determinadas empresas de construção, algumas até sem um histórico, em determinados momentos da vida do país, indica claramente que algumas são de aventureiros, à espera da primeira oportunidade para fugirem com o cheque.

São empresas ad hoc criadas para acomodar interesses até locais. É hora de virar o jogo e pensar em profissionais de facto.