Angola, por via do ministro das Relações Exteriores, Téte António, entende que a Batalha do Cuito Cuanavale marcou uma viragem importante na história e no rumo dos países circunscritos a África Austral, pelo que é de todo importante que os contornos políticos e militares à volta desta batalha não estejam apenas reservados aos protagonistas do acto ou a geração mais velha, mas sobretudo que transite para as novas gerações mediante a implementação nos vários sistemas de ensino da região
Angola adianta na apresentação da proposta de incluir a histórica Batalha do Cuito Cuanavale nos planos curriculares e académicos dos países membros da África Austral.
A “boa nova” foi dada a conhecer ontem, em Luanda, pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António, à margem de uma mesa redonda organizada pelo seu departamento ministerial sobre o 23 de Março, dia da libertação da África Austral, feriado nacional, a assinalar na próxima Terça-feira.
Durante a sua dissertação, o ministro foi categórico ao afirmar que a Batalha do Cuito Cuanavale marcou uma viragem na história e no rumo dos países circunscritos a África Austral, pelo que, no seu entender, é de todo importante que os contornos políticos e militares a volta da batalha não estejam apenas reservados aos protagonistas do acto ou a geração mais velha, mas sobretudo que transite para as novas gerações.
Porém, apontou, uma das melhores formas de as novas gerações dos Estados membros da África Austral conhecerem a batalha é mediante o conhecimento académico nos mais variados sistemas de ensino.
De acordo com o ministro, há toda a necessidade de os Estados membros da África Austral trabalharem nesta proposta para aprofundar o ensino da história da batalha do Cuito Cuanavale para viabilizar o conhecimento junto das novas gerações que pouco ou nada sabem sobre este importante acontecimento.
“Os sectores da educação, ensino superior, ciência e tecnologia devem trabalhar no sentido de se implementar a decisão dos chefes de Estados no que concerne a inclusão desta importante batalha nos ensinos escolares”, apontou.
A Batalha do Cuito Cuanavale, ocorrida entre 15 de Novembro de 1987 a 23 de Março de 1988, marcou uma viragem a favor da paz e da libertação da África Austral.
Durante a batalha, as FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola) e as FAR (Forças Armadas Revolucionárias de Cuba), defrontaram o exército da maior potência militar regional, a África do Sul e as forças da UNITA.
A vitória das forças revolucionárias nesta batalha representou uma viragem decisiva na África Austral, no sentido do progresso, da paz e da libertação dos povos africanos oprimidos pelo regime do apartheid.
Entretanto, dos ganhos que o fim do regime de segregação racial, que vigorava na África do Sul, proporcionou, consta a libertação de Nelson Mandela e a consequente independência da Namíbia.
No entanto, há três anos que a data é celebrada como feriado nacional em Angola e simultaneamente na região da África Austral pelos países que fazem parte da SADC, por ter sido considerado como um dos maiores confrontos militares da guerra pós-independência angolana devido ao seu prolongamento.
Para o ministro das Relações Exteriores, Téte António, a forma como o conflito surgiu e terminou deve merecer a valorização dos jovens que precisam ter acesso aos meios disponíveis e bibliografias mediante a institucionalização da história nos planos de ensino.
Diplomacia exerceu papel importante
Por seu lado, o general Justino Ramos, disse que a a diplomacia exerceu um papel importante para o fim do conflito do Cuito Cuanavale bem como para a libertação da África Austral.
Conforme explicou, a relação entre Estados teve um determinante papel para o fim do conflito que envolvia o exército apoiado por super-potências que emergiram da Segunda Guerra Mundial.
Já a UNITA, por via do seu deputado, Alcides Sakala, entende que , a Batalha do Cuito Cuanavale permitiu a alteração política da África Austral, o que culminou com a retirada das forças sul-africanas no início das negociações entre o Governo e a UNITA.
Pela sua importância, defende a sua contextualização e acesso às gerações vindouras com todas as verdades que ela merece, independentemente da cor partidária.
“O mais importante são as consequências diplomáticas que decorreram deste conflito e que determinaram em simultâneo a retirada das forças sul-africanas de Angola e da Namíbia bem como o início das negociações entre o Governo e a UNITA”, frisou.
Uma luta de todos
Também presente no certame, o deputado do MPLA, Dino Matrosse, disse que os ganhos do fim da Batalha do Cuito Cuanavale é para todos os países membros da África Austral e não apenas para Angola.
No seu entender, é preciso valorização da data, torná-la acessível e deixar que as gerações mais novas tomem contacto com a mesma.
Para ele, a garantia da paz em Angola e a independência da Namíbia, com o fim do regime do apartheid constituem dos principais marcos da luta.
“Já registamos um passo pelo facto de a data ser feriado ao nível da SADC. Agora precisamos impulsionar mecanismos para que a mesma venha a ser estudada nas academias. É possível materializar essa acção”, defendeu.