Mangais em Cabinda ganham repovoamento nas festividades da Paz

Mangais em Cabinda ganham repovoamento nas festividades da Paz

O Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa, reiterou, ontem, ser necessário a preservação permanente dos mangais tendo em conta a sua importância para a biodiversidade

Bornito de Sousa fez esta afirmação momentos depois de ter procedido à plantação de mangais na foz do rio Chiloango, município de Lândana(Cacongo), cujo exercício enquadrou-o no desafio lançado por si, em Fevereiro do ano em curso, que visava a plantação de um milhão de mangais ao longo da costa marítima nacional.

Para o lançamento deste projecto, que consiste em manter a natureza, ambiente, biodiversidade, recursos genéticos, educação e desenvolvimento sustentável, contou com a participação de ambientalistas do Projecto Miemi, desta circunscrição.

Antes, o secretário provincial do Ambiente de Cabinda, Julião Capita, depois de destacar a importância deste projecto, disse que a plantação dos novos mangais vai propiciar a reprodução de várias espécies exóticas nesta zona, bem como a sua proteção.

Ao apresentar o projecto ao Vice- Presidente da República, disse que os mangais da foz do rio Chiloango, apesar de se situar numa faixa de floresta cerrada, estavam degradados, e era urgente salvá-los da situação em que se encontravam.

O lançamento desta campanha de repovoamento florestal dos mangais do Chiloango, foi testemunhado por governantes, membros da Sociedade Civil e de partidos políticos com o assento na Assembleia Nacional, UNITA, CASA-CE e PRS, que se encontram nesta província para assistir ao acto central do Dia da Paz e Reconciliação Nacional, que hoje se assinala.

O mesmo enquadrou-se num leque de actividades que o Vice- Presidente da República desenvolveu ontem, que começou na Fazenda agropecuária Cudefa, passando pela Missão Católica de Lândana, destruída por fortes chuvas que se abalaram contra esta estrutura no dia 18 de Abril de 2018, que a destruiu parcialmente.

Ainda em Lândana, onde trabalhou cerca de cinco horas, Bornito de Sousa visitou também uma ravina, que aos poucos vai progredindo e que pode condicionar a circulação de pessoas e bens.

Na presença do ministro das Obras Públicas e Urbanismo, recebeu explicações de um grupo de técnicos que estão a estudar a situação para conter a progressão da mesma.

Durante a sua deslocação a este município, que dista há cerca de 40 quilómetros a norte da cidade de Cabinda, o Vice-Presidente da República constatou “in loco” a execução das obras do Terminal de Águas Profundas do Porto de Cabinda.

À imprensa, o director executivo deste projecto, Rui Marques, disse que a obra anda numa execução na ordem de 25 porcento, decorrente do atraso do pagamento desde o ano de 2019.

Informou que, se não houvesse constrangimento financeiro, a previsão era conclui-lo em 2023, avançando que contactos estão a ser feitos para a obtenção de novo financiamento, através de uma adenda.

Segundo a fonte, decorrem negociações entre o Ministério dos Transportes e um banco da China para se regularizar a situação, que, para além do dinheiro, para se avançar com o projecto é também indispensável recursos humanos e tecnológicos.

Ainda à volta da agenda do Vice-Presidente, que preside ao acto em representação do Presidente da República, João Lourenço, até por altura em que se redigiam estas linhas, se encontrava reunido com a juventude universitária de Cabinda.

Partidos Políticos enaltecem a Paz

Rui Malopa, secretário-geral do PRS, que se encontra em Cabinda para assistir às festividades do Dia da Paz e da Reconciliação Nacional, disse à reportagem de O PAÍS que o fim da guerra, feita por intermédio dos Acordos de 4 de Abril, entre o Governo e a UNITA, permitiu devolver a esperança dos angolanos, que viveram as agruras de uma guerra fratricida de quase três décadas.

Para o político, apesar das adversidades ao longo do percurso, 19 anos depois, é preciso conservá-la para que jamais os angolanos voltem à guerra por divergências ideológicas.

Já o membro do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, Gabriel Silvestre(Samy), em alusão à data, destacou que o mais difícil foi conseguido, que é a paz, mas é necessário que ela se reflicta também na vida social dos cidadãos.

Na sua opinião, não basta o calar da armas, mas também é necessário que em tempo de paz as pessoas vivam em melhores condições de vida, sem pobreza como acontece hoje, cuja maioria vive em situação de indigência. Reconheceu que a paz é um bem que deve ser preservado permanentemente por todos os angolanos e por aqueles que amam Angola.

Apesar da chuva que se abateu ontem sobre a cidade de Cabinda, segundo fonte da organização, tudo está preparado que se comemore com pompa e circunstância os 19 anos da assinatura dos Acordos de Paz, a 4 de Abril de 2002.

Aliás, na Sexta-feira, 1, o governador provincial de Cabinda, Marcos Nhunga, tinha garantido que a província que dirige estava preparada para acolher este acto, que coincide a Páscoa, importante para o cristianismo.

Ireneu Mujoco, enviado a Cabinda